segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

À Descoberta de Pereiros 3/3

Continuação de - À Descoberta de Pereiros 2/3

A paragem seguinte foi no largo Luís de Camões. Talvez tenha sido esta uma das primeiras áreas a ser povoada. A antiguidade das casas assim o demonstram, embora haja outras zonas igualmente antigas.
Neste largo é possível observar uma das casas mais nobres da aldeia, com o seu brasão, que também ostenta o elmo eclesiástico. Pertenceu ao reitor dos Pereiros no séc. XVIII e XIX. Tem, no balcão, gravado o ano de 1843 e é conhecida pela designação de Casa dos Caiados.
De junto dela parte uma canelha que desce em direcção ao ribeiro e a outro representante emblemático do património edificado de Pereiros: a ponte das Olgas. As águas que escorrem das montanhas formam várias ribeiras. Uma das mais importantes é a ribeira da Gricha. Juntam-se, passam sob a ponte das Olgas, e a água corre em rodopio pela ribeira das Lajes até atingir a ribeira da Cabreira, já perto do rio Tua. O declive foi aproveitado para a colocação de moinhos, movidos pelas abundantes águas do Inverno. Hoje restam alguma ruína, que não tive tempo de visitar.
A ponte (elemento representado na bandeira da freguesia) serviria para estabelecer a ligação entre Freixiel e Pereiros, fazendo possivelmente parte de uma via, em grande parte, calcetada. Apresenta um único arco de volta perfeita, um tabuleiro plano lajeado a granito, guardas também em granito e duas rampas de acesso. Embora de cronologia indeterminada, parece-me exagerada a designação de ponte Romana. Esta designação é atribuída a muitas fontes e pontes muito posteriores aos Romanos.
De regresso ao povoado atravessei a rua principal, onde, além de algumas interessantes construções em granito, é possível encontrar a fonte da Rua. Neste local concentram-se as pessoas nas tardes de Domingo, dado que aqui existem, desde há muitos anos, uma taberna e agora um café. Esta fonte está bem preservada, mas, a fonte do Poço vai-se apagando na memória das pessoas, foi soterrada.
Outra das curiosidades existentes, na travessa Cândido dos Reis, é uma cara esculpida em granito, na parede duma casa, a que dão o nome de “cara” de Pereiros. Uma situação semelhante já constatei em de Mogo de Malta, mas há outras, por exemplo em Parambos.
Mesmo no final da rua está a capela de Santo André. Voltada para a rua, ocupa uma posição elevada em relação a esta. Esta posição foi-se acentuando por rebaixamento da estrada. A sua construção foi provavelmente entre os anos de 1807 e 1810. À pequena torre sineira, possivelmente encimada por uma cruz, faltam algumas pedras e o sino. O interior está recuperado e limpo. Santo André, Santa Eufémia e o Menino Jesus de Praga são as imagens que se encontram no altar. A base deste altar tem muitas semelhanças com as da igreja de Zedes. No exterior, num dos alçados laterais, há um painel de azulejo monocromático de alminhas, colado de uma forma muito humilde. O painel é muito bonito e pouco frequente, dentro daquilo que é o meu conhecimento. Apresenta, em baixo, a mensagem: “É o Santo Sacrifício da Missa o Sufrágio por Excelência das Benditas Almas do Purgatório”.
Depois de percorrer os principais pontos de interesse e as ruas mais importantes, seria interessante embrenhar-me nas ruelas mais estreitas que sobem para o cabeço, concentrar-me nas tradicionais casas rusticamente construídas em granito, mas o calor era muito. Para descansar um pouco procurei um dos lugares mais calmos e frescos que existe na aldeia, a fonte do Vale.
Situada a algumas centenas de metros do povoado, desta fonte brota água fresca de forma ininterrupta. Aqui se reabasteciam de água potável no passado e lavavam a roupa no enorme tanque. Recentemente já foi uma solução alternativa, uma vez que a falta de água tem sido uma constante no concelho.
Beber a água fresca saída da montanha e apreciar a bela paisagem que começa em Codeçais (aldeia anexa de Pereiros) e se prolonga por terras de Murça e Mirandela, na outra margem do Tua, foi uma boa forma de terminar a minha visita a Pereiros. Uma visita a esta simpática terra cheia de gente acolhedora, proporciona uma experiência completamente diferente em cada época do ano. Só vindo cá, se pode viver essa experiência na plenitude. O convite está feito.
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Bibliografia
PEREIRA, António Luís e LOPES, Isabel Alexandra Justo (2005)- Património Arqueológico do Concelho de Carrazeda de Ansiães. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal.
MORAIS, Cristiano (1995) – Estudos Monográficos Vila Flor - Freixiel. Vila Flor: Câmara Municipal.
TAVARES, Vírgilio (1999) – Conheça a Nossa Terra – Carrazeda de Ansiães. Edição do Autor.
MORAIS, Cristiano (2006) – Por Terras de Ansiães, Estudos Monográficos. Volume 1. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal.

Agradeço ao Sr. Presidente da Junta da Freguesia de Pereiros e a Fátima Calixto todos os apoios que me deram.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

À Descoberta de Pereiros 2/3

Continuação de - À Descoberta de Pereiros 1/3

Pereiros tem a sua história ligada ao concelho de Freixiel. A sua localização geográfica faz com que as deslocações fossem mais fáceis para Freixiel, ou Abreiro do que para Ansiães. Transpor o acentuado declive em direcção a Carrazeda de Ansiães, depois de uma noite de geada, era uma tarefa difícil para o autocarro, quando este começou a transportar os estudantes da aldeia para Carrazeda. Isto há poucos anos! Para atestar estas dificuldades nas vias de comunicação, ainda estão bem preservados restos de caminhos lajeados, lembrando as calçadas romanas. Quando se desce de Zedes para Pereiros, perto da estrada actual, há vários troços destes caminhos.
Não admira que as deslocações para Freixiel fossem mais fáceis, até porque, o termo da freguesia, estende-se até ao cume da Serra Tinta, a poucos quilómetros do Vieiro, muito para lá da ribeira da Cabreira. Nesta ribeira existiu uma ponte em madeira que permitia transpô-la. Na encosta da Serra Tinta existiu uma capela de que ainda são visíveis as ruínas.
No séc. XVI Pereiros integrava o concelho de Freixiel, pertença do Marquês de Vila Real e tinha 21 moradores . Em 1706 tinha 60 e em 1758, 112 moradores. Nos séculos XVIII e XIX a população evoluiu da seguinte forma: 1864, 635 habitantes; 1890, 753 habitantes; 1920, 645 habitantes; 1940, 728 habitantes; 1960, 684 habitantes; 1981, 524 habitantes (dados sempre referentes à freguesia e, por isso, incluindo os habitantes de Codeçais).
Em 1836, com a extinção do concelho de Freixiel, a freguesia de Pereiros (Pereiros e Codeçais) foi anexada ao concelho de Carrazeda de Ansiães.
Em 1967 Pereiros foi a capital de freguesia eclesiástica. Integrava as freguesias de Pereiros, Pinhal do Norte, Pombal, Zedes e Freixiel. A paróquia civil de Pereiros tinha 845 fogos enquanto que a de Carrazeda de Ansiães contava apenas com 536!
Deixei o Cabeço em direcção à igreja. Pouco depois de passar a Junta de Freguesia encontrei a Fonte Nova. Trata-se de uma bonita e bem preservada fonte de mergulho, onde corre sempre água fresca. Alguns peixes dão vida ao reservatório de água e há um tanque exterior para os animais beberem.
Junto à igreja está uma outra fonte, no Largo de S. Amaro. Neste largo realizava-se o arraial das festas da aldeia: Santo Amaro, a 15 de Janeiro e Nossa Senhora de Fátima, no segundo Domingo de Julho. Nos últimos anos também se tem realizado a Festa do Emigrante, em Agosto. Foi também neste largo que fui encontrar a anfitriã que me acompanharia na visita à igreja, onde foi catequista e é zeladora há muitos anos: Helena Borges. Esta anciã mantém uma vitalidade e lucidez invejáveis, sendo ainda procurada por muitas pessoas para lhe administrar injecções! É um dos meus familiares em Pereiros e, antes da visita à igreja, fizemos uma visita ao passado.
Durante muitos anos fez mantas de trapos, no tear, sendo solicitada por gente de várias freguesias, como Zedes e Freixiel. Recordei, com saudade, uma viagem que fiz a Pereiros, em menino, de burro, transportando sacos de trapos cortados em tiras, para a prima Helena, que morava no Cabeço, fazer uma manta. As encomendas eram tantas que chegaram a somar 80, não chegando o espaço em casa para tanto saco com tiras. Houve necessidade de montar uma estrutura em madeira de forma a guardar os sacos por cima das suas cabeças, junto ao telhado. Teceu linho e estopa, mas o grosso do seu trabalho foram as mantas, chegando a contar 23 mantas feitas num só mês. Havia outro tear na aldeia que fazia cobertores de lã.
Chegaram a existir 7 rebanhos de ovelhas e 2 de cabras na aldeia, mas actualmente não há nenhum.
A igreja é muito bonita, a começar pelo frontispício em granito ricamente trabalhado, onde se destaca o nicho com uma imagem de S. Amaro. A sua torre sineira, quadrangular, com quatro sinos, rematada por uma cúpula, também é de granito. No interior é impossível não reparar nas pinturas do tecto e nalgumas imagens de grande dimensão bem como noutras muito antigas. O pavimento é em pedra tendo à vista as tradicionais divisões numeradas, para aí serem enterrados os fiéis. O tecto do corpo da igreja tem pintado o padroeiro, S. Amaro e nos cantos, os quatro Evangelistas. No tecto da capela-mor destacam-se os símbolos da Ordem de Malta (ou Hospitalários), na qual o concelho de Freixiel se encontrava incluído.
O padroeiro ocupa o ponto mais alto do altar-mor, ao centro. No lugar normalmente dedicado ao padroeiro, à direita do altar, está a imagem de S. José.
As imagens que se destacam pelo seu tamanho são a do Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora das Dores e a do Senhor dos Passos. Esta última, tem dobradiças nos membros que lhe permitem adoptar uma postura no altar e outra no seu próprio andor, onde se apresenta de joelhos e com a cruz aos ombros. Nossa Senhora das Dores não apresenta as tradicionais 7 lanças no peito, mas elas existem. Uma das mais preciosas imagens presentes é uma que representa S. Roque, que se encontra na sacristia. Nossa Senhora de Fátima está representada por várias imagens.
É possível que este templo não seja o inicial. A corroborar esta ideia está o facto de, sobre a porta da sacristia estar grava a data de 1711, na porta do frontispício a de 1779, data em que a igreja terá sido construída. No arco da capela-mor está a data de 1834. Indica o ano em que foi pintado. Esta data faz também parte de uma inscrição pintada no tecto, no coro, fazendo alusão a obras, possivelmente pintura. Para completar este conjunto de datas, junto à porta lateral do adro está gravado o ano de 1951.
Os altares não têm todos a mesma antiguidade. Os do Sagrado Coração de Jesus, Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores, foram feitos mais tarde, obrigando a tapar algumas janelas a fim de se aproveitar o espaço para a sua montagem. Foram pintados em 1874.

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domingo, 28 de novembro de 2010

À Descoberta de Pereiros 1/3

Esta é a primeira parte de um conjunto de três, de um artigo publicado no n.º 163 do jornal "O Pombal", em Setembro de 2010. O texto é o mesmo, mas terá mais fotografias.

A minha visita a Pereiros, "À Descoberta", aconteceu no dia 27 de Julho. Situada a 12 quilómetros de Carrazeda de Ansiães, é uma das aldeias mais isoladas do concelho, numa depressão que se estende até ao rio Tua, rodeada por altas encostas repletas das mais rijas formas rochosas que existem por estas paragens.
Dada a proximidade com a minha aldeia natal, e também pelo facto de a minha avó materna ser natural desta freguesia, mantive sempre bastante contacto com a aldeia e com os seus habitantes, onde conto com familiares e amigos.
Quando nos aproximamos do povoado, vindos de Zedes, é impossível não repararmos na inospitalidade envolvente. As rochas nuas, deixadas à vista por sucessivos incêndios, intercalam pequenos espaços onde crescem oliveiras, videiras, figueiras e outras culturas de onde, há séculos, os habitantes retiram o seu sustento. Destaca-se também uma formação rochosa que se eleva acima dos 500 metros de altitude a que chamam Castelo. Na minha juventude subi várias vezes a esse local, mas, não encontrei nada que satisfizesse a minha curiosidade. Pela sua posição estratégica foi, certamente, utilizado para aí edificarem um pequeno castro, proporcionando defesa natural às pessoas. Há, no local, muita pedra miúda solta mas não pude constatar a existência de alguma espécie de túmulo que dizem aí existir. Abundantes são também as lendas à cerca de secretos túneis que descem até ou rio Tua, ou mesmo que chegam ao rio Douro. Quem neles entrar não pode sentir medo ou nunca mais sairá.
À entrada da aldeia, um nicho com Nossa Senhora de Fátima, construído em 1993, dá as boas vindas aos visitantes. Um pouco mais adiante, sobre uma rocha, elevam-se umas curiosas alminhas, vigiando o caminho e pedindo uma oração a quem passa. Apresentam um painel de azulejo policromado, com Cristo pregado na cruz e as almas padecendo nas chamas do purgatório, de onde são retiradas pelos anjos.
Alguns metros depois encontram-se os edifícios das escolas. O mais velho, com a data de 1813, é a actual sede da Junta de Freguesia. Da escola que aí funcionou, quando as crianças eram às dezenas falou-me Adérito Fidalgo, recordando com orgulho algumas das matérias que aprendeu. Eu apenas recordava o espaço como sala de baile, centro de entretenimento aos domingos à tarde.
No seu interior pude admirar um conjunto de taças e troféus conquistados pela juventude de Pereiros em provas desportivas e a bandeia da freguesia, com símbolos representativos do passado e do presente da aldeia: uma ponte, um ramo com pêras, uma mitra e o rio. O rio representa o Tua; as pêras relacionam-se com o nome da aldeia, Pereiros; a mitra recorda a importância eclesiástica que a aldeia teve em tempos idos, tendo sido curato amovível “ad nutum” do bispo de Bragança e o padroeiro, S. Amaro. Da ponte falarei mais tarde.
Não muito distante do edifício da antiga escola está a “nova”, também ela privada do barulho das crianças, uma vez que está encerrada já há alguns anos. No recreio, onde agora existe um polidesportivo, joguei eu futebol com os meus colegas de escola primária, em entusiásticos intercâmbios que fazíamos com os alunos de Pereiros, por altura do S. Martinho. O recinto da escola é utilizado pela população como recinto de festas, ganhando uma nova vida.
Pela rua Gil Eanes chega-se ao Cabeço ou Alto de S. Amaro. É talvez o ponto de onde se tem uma visão mais completa do povoado e também o local onde a evolução é bastante evidente. A par das bonitas residências que ali têm sido construídas, há uma área ajardinada, sombra, bancos e um nicho dedicado ao padroeiro da aldeia, S. Amaro. Neste local também se encontra um cruzeiro, centenário, com bastante importância religiosa. A ele se deve a designação “Calvário”, também atribuída. Por altura da Páscoa realizava-se uma importante procissão, com o Senhor dos Passos a percorrer algumas ruas da aldeia e Nossa Senhora das Dores outras. No Calvário dava-se o Encontro e era feito o sermão. Esta tradição perdeu-se já algum tempo, sendo o Sr. Padre Valentim (muito querido em Pereiros) o último a realizá-la.
Ao passearmos o olhar pela aldeia é impossível não repararmos na imponente igreja, uma das mais belas do concelho. Como é possível que uma aldeia tão isolada tenha um templo com esta dimensão? A resposta encontra-se na história e na importância da aldeia como paróquia.
Os parcos vestígios arqueológicos existentes no Castelo não tornam possível clarificar a história mas, segundo alguns especialistas, os pequenos fragmentos de cerâmica de fabrico manual poderão situar a construção na idade do ferro. Poderá também integrar esta linha do tempo uma espécie de lagareta, talvez para a produção artesanal de azeite, escavada no rés-do-chão de uma casa no largo Luís de Camões . Tirando estes dois marcos históricos os restantes, igreja, fontes, ponte, etc., terão que ser referenciados, no máximo, à idade média tardia, ou, o mais provável, já à idade moderna.

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

1 dia por terras de Ansiães (03)

Hoje o dia estava destinado para mais uma incursão À Descoberta de mais alguns cantinhos do concelho de Carrazeda de Ansiães, mas, acordou chuvoso e até os recantos mais coloridos pelos tons do Outono pareceriam cinzentos.
Como a tecnologia actual nos permite viagens infindáveis, por mundos distantes (e mesmo imaginários), aqui estou eu para mostrar e descrever mais viagens anteriores.
Vai para um mês fiz uma viagem a Seixo de Manhoses. Para chegar à aldeia usei uma estrada que nunca tinha utilizado antes. Liga Seixo de Ansiães a Besteiros e Fontelonga. No Outono gosto muito de passar por Fontelonga, entre outras coisas porque os castanheiros ganham tonalidades muito interessantes que gosto de fotografar.
Entre Besteiros e Seixo tem-se contacto com o concelho profundo, tal como noutros pontos do concelho, como por exemplo Pereiros e Codeçais. Por entre videiras e amendoeiras que devem habitar estes locais há séculos, quase se avista o Douro, por entre as copas dos pinheiros esturricados pelos incêndios do último Verão. Algumas vinhas e pomares também não resistiram às chamas.
A aproximação à aldeia mostra-nos uma capelinha no alto do monte, trata-se de Nossa Senhora da Costa. É um desafio que vale a pena vencer, uma vez que a paisagem que se avista deste lugar vale bem a energia despendida para aqui chegar.
Seixo de Ansiães é uma aldeia para Descobrir sem pressas. As ruas mais antigas oferecem construções bem características da nossa região, algumas das quais em ruínas. Que me desculpem se fotografo principalmente casas velhas. A ideia não é mostrar a decadência das aldeias, mas sim a beleza que existe na simplicidade. Muitas das vivendas modernas, hão-de um dia ser velhas e talvez haja quem se interesse por elas como antigas e simples. É o ritmo da vida e das coisas.
Na aldeia há uma zona com ruas largas, planeadas, que fazem inveja a algumas vilas, mas é nas ruas estreitas, cheias de contrastes, que me sinto mais entusiasmado. São portões e gradeamentos em ferro forjado muito bonitos, são janelas e portas abertas no rústico granito, são recantos que convidam à calma (como a Rua do Forno), que me atraem.
No Seixo não pode deixar de se visitar algumas fontes antigas como a Fonte do Barroso e o Chafariz, a capela do Espírito Santo, cruzeiros, duas interessantes alminhas e, é claro, a igreja matriz.
Sem dar por isso, encantado também pela conversa que fui mantendo com algumas pessoas, chegou a hora de almoço. Como bom aventureiro que sou, estava prevenido, o almoço estava comigo. Subi ao alto do monte sobranceiro à aldeia onde se situa a capela de Nossa Senhora da Costa e almocei nesse lugar, com uma vista privilegiada de 360 graus de beleza.
A capela não é uma construção de grande relevo. Tem gravado o ano de 1968, talvez o ano da sua construção em substituição da Senhora da Costa “velha”. Encontrei algumas pessoas que me falaram dela.
Depois do almoço desci de novo à aldeia. A minha curiosidade levou-me À Descoberta de uma singular fonte a alguns quilómetros do povoado, entre vinhedos, nas encostas para o Douro. Desorientado e preocupado com a viatura, pouco própria para estas aventuras, desisti de encontrar a Fonte da Calçada, mas sei que estive perto.
A paragem seguinte foi em Selores. A porta da igreja matriz estava aberta, o que constituiu uma boa oportunidade para uma visita. Fiquei fascinado. Infelizmente o senhor presidente da junta, presente no local, não me permitiu a recolha de imagens. Estou certo que, numa próxima visita, compreenderá as minhas boas intenções, nem que para isso tenha que falar com o pároco da freguesia.
É impossível passar por Selores sem fazer uma paragem na conhecida Casa de Selores. É mais famosa a casa do que a aldeia! Entre outros pontos de interesse “é obrigatório” fotografar os três (!) brasões que ostenta.
Depois de uma rápida passagem por Marzagão, que adormecido, nem deu pela minha passagem, segui para Carrazeda de Ansiães. Parei na Praça, onde tantas vezes joguei futebol à socapa. Agora com um bonito jardim, é um dos locais mais bonitos da Vila, que, sinceramente, pouco tenho gozado.
A minha paragem destinou-se principalmente ao reconhecimento das esculturas em granito que aí foram implantadas. Neste jardim, de nome Lopo Vaz de Sampaio, encontram-se As Nossas Mesas, 4 obras do escultor holandês Mark Brusse.
Mesmo com o sol a esconder-se por detrás do casario, gostei de admirar estas obras de arte. Sou favorável à arte, seja ela em que suporte for, questionável é o estado das finanças locais em que ficou a nossa câmara. Apesar de viver fora, a minha residência continua a ser no concelho, bem como o meu cartão de eleitor. Infelizmente Carrazeda é uma terra onde muito se promete, muito se discute, e pouco se faz. A esperança é a última a morrer.
O dia terminou, já sem luz, com a máquina fotográfica extenuada de tanto fotografar. Eu, pelo contrário, estava muito eufórico por verificar que, quanto mais percorro o concelho, mais razões encontro para o admirar e para gostar dele.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Igreja de Linhares (pormenor)


Trata-se de uma igreja do século XVIII, orientada a oeste, cuja fachada apresenta um portal de arco levemente abatido, encimado por um frontão triangular interrompido. Por cima deste abre-se uma janela lobulada, em formato de flor com quatro pétalas, rodeada por forte aplicação fitomórfica. Por cima desta janela foi feita, no início do século XX, a aplicação de um relógio. Inserida numa cartela está a data de 1773, em numeração romana. O remate do edifício tenta atingir o triângulo se bem que de forma ondulante e só no lado direito, pois do lado esquerdo ergue-se a torre sineira. Esta está dividida em dois registos, estando o sino no último. Encima a torre uma balaustrada e um telhado em forma de agulha.
No interior, o chão é de cantaria e a cobertura é em abóbada de meio canhão, pintada. Os altares são ornamentados em talha.

Acesso: EN 214 de Carrazeda de Ansiães para o Tua, cruzamento à esquerda para Linhares. Praça do Pelourinho.
Protecção: Imóvel de Interesse Público, Dec. nº 41 191, DG 162 de 18 Julho 1957.

Fonte do texto: aqui

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fontelonga (3)

Imagem de um céu fantástico captada na Fontelonga numa das visitas que fiz à aldeia.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cores de Novembro

O último passeio À Descoberta por terras de Ansiães levou-me até Linhares. Foi um passeio entusiasmante marcado com encontros frequentes com as cores do Outono. Esta é a primeira amostra.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

1 dia por terras de Ansiães (02)

A oportunidade de passar mais um dia a passear pelo concelho é sempre aproveitada com grande entusiasmo.
O roteiro escolhido para o dia 15 de Outubro não deferiu muito do que segui uma semana antes. mas, mesmo quando se visita o mesmo lugar, há sempre novas coisas que nos chamam à atenção.
O primeiro ponto da viagem foi ao castelo de Ansiães. Não propriamente para visitar o castelo, que bem o merece, mas sim para tentar conseguir uma fotografia panorâmica da aldeia de Marzagão. A posição é boa, mas os resultados não me agradaram. O facto de colocar a objectiva a trabalhar no limite das suas capacidades e talvez devido à manhã algo cinzenta, desisti rapidamente.
A segunda abordagem à panorâmica da aldeia foi do lugar exactamente oposto. Dirigi-me para Marzagão, atravessei a aldeia e subi, a pé, por um caminho que conduz a um outeiro a poente da aldeia, quase junto do campo de futebol de onze. A partir deste ponto a dificuldade esteve em conseguir enquadrar a maior parte das casas, uma vez que algumas ficam completamente tapadas por outras que estão à sua frente. Mas, mesmo assim, o resultado agradou-me mais e andei pelo alto do morro admirando a paisagem. Até Carrazeda de Ansiães se avistava bastante bem!
Pelo caminho ainda tive tempo para saborear as primeiras castanhas e procurar alguns cogumelos à sombra dos castanheiros. Não tive muita sorte com os cocos mas algumas vaquinhas proporcionaram-me algumas fotografias. As vaquinhas (ou línguas de vaca) são cogumelos bastante saborosos que me habituei a comer desde criança. O seu nome científico é Fistulina hepática.
Já de novo na aldeia percorri as mais estritas ruas e ruelas. O que deve ter sido o núcleo mais antigo da aldeia está praticamente deserto e em ruínas. Não há placas a identificar as ruas, por isso tive alguma dificuldade em me situar.
Aproveitei para colocar a máquina fotografia em preto e branco e tentar uma abordagem mais artística dos locais. Gostava de ter encontrado alguém com quem conversar, mas isso não aconteceu.
No largo do Fundo do Povo dirigi-me mais uma vez à igreja, mas tal como no dia da primeira visita, esta encontrava-se encerrada.
Já depois do meio dia foi a altura de rumar em direcção a Zedes para um almoço em família. O tempo passado em Zedes foi pouco, mas ainda deu para fazer uma visita ao rancho de apanha de maçã. Tal como em Marzagão, em Zedes (e muitas outras freguesias do concelho) a produção de maçã é uma das mais importantes actividades económicas. É também uma actividade que dá alguns trabalho, mesmo que temporário.
Já pelo Barreiro, não resisti a mais um passeio por um souto. A senhora Nilza e o senhor Adelinho presentearam-me com todas as castanhas que já tinham apanhado até ao momento! São gestos como este que nos fazem sentir em casa.
Na continuidade do meu passeio pelo souto fui ainda presentiado com um conjunto de rocos e meia dúzia de vaquinhas nos troncos dos castanheiros. Um pouco mais acima, no picoto, o martelo rasgava o caminho para o IC5 que vai passar bastante próximo.
A paragem seguinte foi na Biblioteca Municipal, em Carrazeda de Ansiães. Desta vez nem cheguei a entrar. Pretendia unicamente ter acesso ao livro “Memórias de Ansiães”(MORAIS, João Pinto de e MAGALHÃES, António de Sousa Pinto de.), como fui informado que não existe na biblioteca, nem sequer entrei e decidi aproveitar o tempo, seguindo viagem.
A paragem seguinte foi no Amedo. A sorte esteve do meu lado e encontrei algumas pessoas que não só conversaram comigo sobre a aldeia assim como me proporcionaram uma visita à igreja matriz e à capela de S. Martinho. Apenas pretendia ocupar o resto da tarde, mas fiz um interessante passeio pelas ruas da aldeia e também fiz alguns interessantes registos fotográficos.
Ficou a promessa de uma visita mais demorada à aldeia.

sábado, 23 de outubro de 2010

Detalhes em Ferro (2)

Pormenor de um portão em ferro forjado, na Rua do Arieiro, em Seixo de Ansiães.

domingo, 17 de outubro de 2010

Vindimas

Não sei se é sempre assim, mas, este ano, nas visitas que tenho feito a algumas freguesias do concelho, reparo que a vindima é muito escalonada no tempo. Se nalgumas aldeias, com vinhas situadas nas ribeiras do Douro e do Tua a vindima já ocorreu há quase um mês, noutras, mais frias, ela está ainda a decorrer e possivelmente só terminará lá para o próximo fim de semana.
As fotografias apresentadas são no Amedo, onde também havia muita gente à vindima no Sábado passado.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Fonte das Sereias

Vista parcial da Fonte das Sereias em Carrazeda de Ansiães.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

1 dia por terras de Ansiães (01)

No dia 1 de Outubro passei grande parte do dia À Descoberta do concelho de Carrazeda de Ansiães.
A manhã foi passada a percorrer algumas ruas e a conversar com algumas pessoas em Marzagão. Há tantas coisas para conhecer, tantas para fotografar, que o tempo passa e não chega a nada. Quando se começa a conversar com as pessoas, tudo ganha mais graça e ficam-se a saber coisas bem mais interessantes, mas é necessário muito mais tempo. É necessário fazer algumas perguntas, mas também ouvir as pessoas que cada vez se sentem mais isoladas e têm muita necessidade de conversar.
Dos locais visitados em Marzagão, darei conta aqui, no blogue, e no novo blogue dedicado à freguesia, em próximos apontamentos.
Almocei em Carrazeda de Ansiães, no restaurante O Vinhateiro, já próximo das duas horas da tarde. Dado o adiantado da hora, não fui esquisito na ementa. Durante o almoço usufrui da companhia de um natural de Vila Flor, negociante de gado, com quem tive uma animada conversa, dado que conhecia profundamente os concelhos de Carrazeda, Vila Flor e outros como por exemplo Mogadouro.
Aproveitei o resto da tarde para conhecer a Biblioteca Municipal de Carrazeda de Ansiães. As únicas vezes que estive nesse espaço foi em realizações como a Feira do Livro, não tendo nem espreitado as prateleiras.
Não foi necessário fazer qualquer inscrição e subi ao primeiro andar, onde se situa o principal espaço da biblioteca.
Durante o meu 5.º e 6.º anos tive muitas vezes aulas neste edifício, quer de um lado, quer do outro. Curioso era o facto de que para se entrar nalgumas salas, tínhamos que atravessar outras! Nada reconheci no edifício da biblioteca que me fizesse lembrar esse tempo, há excepção do exterior.
Numa sexta à tarde o movimento era pouco. Um adulto consultava a Internet e duas jovens conversavam numa mesa, fazendo talvez algum trabalho escolar. Tal como noutras bibliotecas, escolares ou não, o grosso do movimento de crianças e jovens deve-se aos equipamentos informáticos. A utilização da Internet é muito mais aliciante do que sentar-se numa mesa a desfolhar um livro. É uma das grandes tendências da nossa sociedade que não sei onde nos vai levar.
Não precisei de procurar muito. A estante que procurava está mesmo em frente à porta de entrada. Pretendia inteirar-me dos livros que me falassem do concelho de Carrazeda de Ansiães. A estante está sinalizada como “Fundo Local”. Entre alguns, que possuo (e que não valia a pena consultar por os ter em casa), seleccionei 6 que, numa primeira abordagem, me pareceram interessantes.
Este primeiro contacto destinou-se a fazer o reconhecimento das obras existentes, uma vez que pretendo voltar mais vezes e requisitar as que me for possível requisitar. Fui informado de que os livros que têm uma fita vermelha na lombada não podem ser requisitados! Todos os que tinha em cima da mesa tinham uma fita vermelha!
Ao contrário do que me aconteceu em Vila Flor e Torre de Moncorvo, em que me foram cedidos livros editados pelas respectivas Câmaras Municipais, em Carrazeda de Ansiães a recepção (ao nível mais alto da Câmara Municipal) não foi muto animadora. Tenho comprado bastantes livros. O Blogue, além de muito tempo e muito trabalho, começa também a dar despesa.
Voltando aos livros. Dos que tinha em cima da mesa o que me mereceu mais interesse foi “Carrazeda de Ansiães e o Seu Termo”, de José Aguilar. Trata-se de uma edição da Câmara Municipal e estranhei nunca o ter encontrado à venda. Trata-se de um livro composto por pequenos textos que nos levam a percorrer locais bem característicos do concelho. A linguagem utilizada é muito agradável e de fácil leitura. É um livro que vou ler e que me ajudará bastante a conhecer melhor o concelho.
Quase ao cair da noite ainda fiz uma visita a Zedes. Apenas o tempo suficiente para visitar alguns familiares e dar alguns dedos de conversa no bar da Associação, que estranhamente estava aberto àquela hora.
Foi um dia muito agradável. Espero nos próximos tempos repetir a experiência e conhecer melhor outras freguesias do concelho.

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