quarta-feira, 25 de agosto de 2010

2.ª Memorável Caminhada de S. Bartolomeu - Parambos

No dia 22 de Agosto realizou-se, em Parambos, a 2.ª Memorável Caminhada de S. Bartolomeu. Realizada por altura das festas da aldeia em honra de S. Bartolomeu, é organizada por um grupo de amigos dinamizadores e visitantes do blogue Viver Parambos. Este grupo tem feitos vários percursos na natureza, alguns na Linha do Tua. Desde o seu arranque que mantenho um estreita ligação com o blogue e com os seus responsáveis, por isso, decidi fazer-lhe uma surpresa.
Levantei-me muito cedo, antes do nascer do sol! Às sete da manhã estava em Parambos para inicial a caminhada. Foram chegando pessoas, com a cara ensonada, vindos de todas ruas e bairros da aldeia. Os próprios organizadores não queriam acreditar na adesão!
Quando nascia o sol estávamos a atravessar o campo de futebol de 11 de Parambos em direcção à Fonte de Seixas. Com um percurso estimado em pouco mais de 13 quilómetros, a caminhada prometia a passagem por dois locais arqueológicos importantes e semelhantes: a Fonte de Seixas e a Fraga da Aborraceira.
O grupo era heterogéneo, juntando crianças e jovens e alguns adultos que há muito tempo que não percorriam tais caminhos.
A primeira paragem aconteceu na Fonte do Seixas, por vezes apontado como santuário da Idade do Bronze ou mesmo da Idade do Ferro. É um dos mais interessantes sítios de arte rupestre do concelho.
Descemos, depois pela encosta, lá para os lados da Quinta da Lavandeia em direcção ao Castanheiro. A aldeia de Ribalonga ainda se encontrava parcialmente nas sombras, mas o cenário era magnífico.
Depois de cruzarmos a Estrada Nacional 214 nas primeiras casas do Castanheiro, seguimos por caminhos rurais, alguns bem antigos em direcção à Quinta da Aborraceira. Alguns dos caminhos utilizados ficaram abandonados no tempo, sendo agora simples carreirões por onde apenas passa uma pessoa de cada vez.
Também esta parte do trajecto me deu muito prazer a fazer. Além do perfil das casas do Castanheiro, sempre recortado na linha do horizonte, o olhar desce as escarpas agrestes até à linha de água que corre entre as encostas, é o rio Tua. A seu lado, a centenária companheira Linha do Tua, que tanto gosto de percorrer. Avista-se o apeadeiro do Castanheiro e os túneis das Fragas Más. Despertaram-me a imaginação para outras caminhadas.
Pouco depois chegámos perto da antiga Quinta da Aborraceira, que deve ter sido um lugar esplêndido e cheio de vida, no passado. É hoje ocupada por uma família de alemães, que vivem de forma diferente e dos quais não vimos qualquer sinal.
Fizemos um pequeno desvio em direcção ao rio, de encontro ao segundo sítio arqueológico, a Fraga da Aborraceira. Há mais de 20 anos que tentei encontrá-la pela primeira vez, mas nunca cheguei perto dela.
A fraga tem gravados círculos, semi-circulos, ferraduras e cruzes. Trata-se de mais um exemplo de arte rupestre bem preservado, em parte semelhante a outros que existem no concelho. A posição frontal do sol não me permitiu as fotografias como eu desejava. Talvez , noutra altura, volta a visitar esta fraga.
Voltámos atrás, de novo em direcção à Quinta da Aborraceira onde alguns (menos curiosos) já nos esperavam e empreendemos o regresso a Parambos.
A paragem seguinte serviu para nos refrescarmos, bebendo água fresca (acompanhada de alguns deliciosos figos apanhas no momento), primeiro na Fonte da Presa e depois na Fonte Nova.
Chegámos ao centro de Parambos perto do meio-dia. Toda a gente estava satisfeita com a caminhada e faziam-se já planos para realizações futuras. Uma refeição em conjunto, à sombra do choupo, foi uma das ideias que foram lançadas que podem vir a ser postas em prática em próximas realizações. Eu acrescentaria uma pausa para o lanche, a meio do percurso, uma vez que cheguei ao fim do percurso com a minha apetitosa merenda intacta. Os caminheiros não mostraram intenções de fazer paragens muito demoradas.
Foi uma manhã fantástica. Para mim, uma manhã em contacto com a natureza, já é muito boa, mas esta que passei em companhia de amigos, ficará na minha memória por muito tempo.
Obrigado.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

À descoberta de Fontelonga (Parte 2/2)


Continuação de: À descoberta de Fontelonga (Parte 1/2)
A paragem seguinte foi na Escola Primária. É constituída por um edifício de rés-do-chão, com duas salas e um largo espaço cimentado, com algumas árvores gigantescas. Por detrás das salas de aulas há um edifício recente, em granito. Esteve para ser uma cantina escolar, mas é a sede da Junta de Freguesia, inaugurada em 1997. Um parque infantil, completa o conjunto. Gostava de ver o recreio cheio de crianças a brincar, mas, estou em crer que o silêncio pode chegar de vez. Do grupo de alunos que ainda frequentam esta escola, apenas dois são de Fontelonga. É bem possível que a escola encerre este ano, tal como tantas outras no Portugal interior, cada vez mais desertificado.
Continuei o meu percurso em direcção ao Fundo do Povo. As ruas por onde passei (não sei o nome) pareceram-me mais simpáticas do que as primeiras. Embora estreitas e com as casas pouco alinhadas, estão habitadas, cuidadas e cresce uma roseira em cada esquina. Penso ter passado por uma rua onde estive em garoto a ferrar uma burra, mas não tenho a certeza. O ferrador de Fontelonga morreu já há alguns anos. Agora o serviço é feito por um do Mogo, ou outro que vive em Marzagão.
A fonte de mergulho existente no Fundo do Povo, conhecida por Fonte Romana, é mais um elemento do património da freguesia. Há várias lendas sobre a origem do nome Fonte Longa e algumas relacionam-no com esta fonte. Pode não ter sido a fonte a dar o nome à aldeia, mas, água é o que não falta no termo de Fontelonga.
Local de encontros e de namoricos em tempos idos, a fonte está agora fechada, fornecendo água para os tanques públicos que ainda são bastante utilizados. Tanto os do Fundo do Povo como os que existem junto à fonte das Eiras, perto da cabine. São dois espaços bonitos, cheios de romantismo que devem trazer boas recordações a muitas pessoas. Também o edifício em ruínas por detrás da fonte de mergulho, do outro lado da rua, desperta recordações a muitas pessoas. Trata-se da antiga escola primária. Muitos dos idosos ainda se lembram dela. Tinha duas salas, uma para o sexo masculino e outra para o sexo feminino. Nem todos chegaram ao fim dos quatro anos de estudo, a vida era difícil. Era necessário ajudar a criar os irmãos, acompanhar o pai na lavoura, etc.
Deixei o Fundo do Povo e segui por uma rua plana em direcção a poente. Algumas inscrições nos pórticos das casas indicam que esta deve ser uma das zonas mais antigas da aldeia. Já não há carpinteiros, tecedeiras, lagares de azeite ou tabernas. Atrás de cada porta há décadas de histórias que se vão apagando pouco a pouco.
Pouco depois cheguei à rua Padre Fernando Antonione da Silva Ribeiro. A placa, quase ainda a cheirar a cola fresca, relembra a homenagem recentemente prestada à pessoa em questão. Conheci muito bem o sr. Padre Fernando. O seu nome ficará sempre ligado à obra que conseguiu edificar em Fontelonga e de que tanto gostava de falar: o Lar de Idosos (Cristo Rei) e o Jardim-de-infância.
No cimo da rua há uma interessante fonte em ferro fundido.
Segui para a Igreja Matriz. É, sem dúvida, o mais importante património edificado da aldeia. Trata-se de um edifício imponente, com Torre Sineira Central, com dois sinos. Está voltada para poente sendo o acesso principal pelas suas traseiras. Há um cruzeiro recente, fora do adro, mas o que chama a atenção é o Cristo Redentor pintado na parede das traseiras da capela-mor. O adro é um espaço muito agradável, repleto de árvores, arbustos e relva. É caso para se dizer – É um prazer ir à igreja. Tem gravado o ano de 1875 na fachada, mas este não é o primeiro templo. Fontelonga é das paróquias mais antigas do concelho. O seu desmembramento da paróquia de S. Salvador de Ansiães aconteceu durante o séc. XV. Cristiano Morais refere que “Durante a visita feita à igreja da Fontelonga, pelo Reverendo Dr. José Pereira da Mota Pimentel, Abade de Vilar de Ferreiros/Mondim de Bastos, em Outubro de 1782, nela deixou, em capítulo, uma ordem para que a comenda e o povo ampliassem a igreja, destruindo a existente, velha e pequena, e no seu lugar levantassem um novo templo”. Isso não deve ter acontecido nos anos seguintes, mas veio a acontecer mais tarde.

No frontispício está a imagem em pedra de Santa Maria Madalena, padroeira da freguesia. Vale a pena visitar o interior. Os altares em talha dourada são muito bonitos, principalmente o da capela-mor. Está deteriorado e a precisar de restauro, mas deve ser bem mais antigo do que os restantes. De todas as imagens que existem no seu interior, destaco a de Santa Clara, do lado esquerdo do altar-mor. É uma santa de muita devoção pelas pessoas da aldeia, que chamam também ao monte do Pinocro, Monte de Santa Clara.
Saí pela porta do Fotreco em direcção à única capela existente na freguesia. Disseram-me que existiu outra, particular, mas actualmente a capela de S. Sebastião é única e situa-se a cerca de 500 metros da igreja. Encontra-se junto ao caminho, tem torre sineira central encimada por uma cruz. Apresenta pináculos simples nos quatro cantos.
De regresso à aldeia fiz uma paragem no café do Adro. A minha presença na aldeia já tinha sido notada e não faltou assunto para conversa. Fiquei a saber que existe uma passagem natural debaixo das rochas próximo do Pinocro e há ruínas de vários moinhos de água nos ribeiros. Junto de um desses moinhos há uma rocha com muitas cavidades escavadas onde os pássaros fazem os ninhos.
O tempo passou rapidamente e não havia possibilidade para mais visitas. Não podia ir-me embora sem fotografar as alminhas que existem junta à estrada a caminho de Besteiros. Um habitante ofereceu-se para me levar lá de carro e eu aceitei. Estas alminhas foram mudadas de um sítio não muito distante do local onde se encontram agora. Estão num bloco de granito com cerca de um metro e meio de comprimento por meio de altura. Curiosamente são visíveis inscrições de ambos os lados do retábulo. Do lado direito distinguem-se perfeitamente as letras C.F. e o ano de 1906 no lado esquerdo. No topo da rocha há restos de ferro cravados. Pode ter sido uma grade, alguma cruz ou mesmo um mealheiro. As alminhas destinavam-se a recolher dádivas dos que por elas passavam. Com esse dinheiro eram celebradas missas em remissão das Almas do Purgatório. Por esta estrada passa a procissão, em direcção a Besteiro, onde se homenageia Santa Luzia, anualmente, na segunda-feira de Páscoa. Este será um bom motivo para uma nova visita a Fontelonga.
De regresso à aldeia pensei de novo nas palavras com que iniciei o meu percurso: “Feia, fria e farta”. Não tenho dificuldades em concordar com o segundo atributo. Depois de tudo o que vi e passeando os olhos pelos campos em redor onde se distinguem verdejantes pomares de macieiras, soutos, hortas e batatais com abundantes recursos hídricos, tenho que concordar que se trata de uma aldeia farta, pelo menos que toca à produção agrícola. Quanto à beleza, se dúvidas houvesse, elas dissipar-se-iam com um último olhar ao pôr-do-sol por sobre os telhados das casas de Fontelonga quando já partia em direcção a Penafria. Feia?! Não.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando a música passa..

Quando os Zingaros de Carrazeda passaram, no findo da Vila, nem os mais idosos resistiram a um passo de dança e a um sorriso para a câmara.