segunda-feira, 22 de abril de 2013

Pinhal do Norte - Trilho do Vale do Tua

No dia 14 de abril, na aldeia de Pinhal do Norte, teve lugar mais uma caminhada "por terras de Carrazeda de Ansiães". Depois de ter estado ausente de algumas realizações do género, por incompatibilidade de agenda, foi com grande entusiasmo que voltei ao concelho, para percorrer a pé mais um cantinho.
O nome escolhido "Trilho do Vale do Tua" fez-me sonhar com o rio Tua,  a linha do comboio, com o apeadeiro do Tralhão e a estação de Brunheda. O mês de abril é um mês de vegetação em explosão e qualquer que seja o percurso tem, de certeza, muitas paisagens bonitas, espécies vegetais floridas e rochas grotescas, isto para não falar da companhia dos companheiros de outras caminhadas, de quem já sentia saudades.
Como pretendia continuar a tarde de domingo em Pombal, na XIX Prova de Vinhos, fui em carro próprio até ao Pinhal do Norte, onde pensava chegar primeiro que o grosso das pessoas. Enganei-me. Quando cheguei ao largo do Terreiro já aí estava uma pequena multidão e a azáfama era enorme. Foi com satisfação que revi tanta gente amiga, que já não via há algum tempo (mas mantemo-nos mais ou menos próximos via Internet no Facebook).
As mesas encheram-se para o pequeno almoço. Estes "mata-bichos" bem servidos são já uma característica destas caminhadas. Alguns comem outros poupam-se, para se manterem mais leves. Estou em crer que a grande maioria das pessoas não se preocupa muito com a "linha"; com a saúde sim, mas com a "linha" não.
O "pelotão" partiu pela rua de S. Bartolomeu para a Igreja Matriz. Apressei-me para lá entrar, mas estava fechada. Subimos à estrada N314-1 e tomámos uma caminho em direção ao rio Tua. Esta parte do percurso já era nossa conhecida de III Rota das Maias - realizada em Maio de 2012. Pouco depois abandonámos esse trajeto e seguimos em direção à Quinta do Tralhão.
Estava convencido que desceríamos à linha do Tua e seguiríamos por ela até Brunheda, mas enganei-me. Mal vimos a linha e o rio também ficou a grande distância.
A vegetação espontânea estava em plena floração e abundavam cores e perfumes por todo o lado. Pela primeira vez nestas caminhadas "esqueci-me" das fotografias e fiz quase todo o percurso a conversar com outros caminhantes.
Passámos junto a uma formação rochosa onde era possível "ouvir" os sinos de Braga. A mesma "sinfonia" e o mesma tradição acontece em muitos outros locais. Não sei se houve alguém a cair na "esparrela". Se alguém mais inocente encosta a à rocha logo é empurra violentamente contra ela, fazendo "ouvir" sinos e outras campainhas, acompanhadas por alguma dor de cabeça.
Também vi de longe uma rocha de que já tinha ouvido falar. É conhecida pela Capela do Diabo. É uma formação natural que parece formar uma nave, ao estilo de uma capela-mor de uma igreja. Não a imaginava tão grande nem tão perfeita. A capela e os "Sinos de Braga" são referidos por Alexandre Parafita no seu livro Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2.
A extensa e promissora Quinta do Tralhão mostrava sinais do mais completo abandono. As vinhas em socalco, ainda jovens e cheias de força para produzirem uvas, não foram podadas! No coração das vinhas começámos a rota ascendente, encosta acima, num passo mais cadenciado e ofegante.
Atingimos o traçado do IC5 e avistámos a obra admirável que é a ponte sobre o rio. Lembro-me que há muitos anos atrás as pessoas iam a Brunheda só para verem a ponte altíssima que construiram sobre o rio Tua. Essa ponte comparada com a que a agora foi construida para o IC5 parece um brinquedo.
Avistámos as casas de Brunheda. Desviei-me um pouco do percurso seguindo com algumas pessoas por um caminho rural que nos pareceu mais bonito para acedermos à aldeia. Entrámos pela sua zona mais a poente, onde existe uma fonte antiga e uns bonitos tanques que já fotografei há alguns anos atrás.
Como sabia que havia muita gente para trás (e ainda nem sequer era meio dia) aproveitei para fazer um passeio por algumas ruas da aldeia.  A igreja estava fechada. Tenho pena de não a ter podido ver porque é das poucas do concelho onde nunca entrei.
O almoço foi servido na antiga escola Primária. À distância já cheirava a carne assada e as mesas já nos esperavam quase prontas. A caminhada teve perto de 200 participantes e não foi fácil saciar tanta boca. Inicialmente cada travessa de carne assada colocada na mesa desaparecia num piscar de olhos, mas passado algum tempo já se viam tabuleiros cheios. A refeição iniciou-se com a sopa, continuou com carne assada (barriga, e fêveras de porco e frango no churrasco) e salada de alface. Havia bom pão, melhor vinho e fruta para o final.
Ainda houve tempo para um café no bar do Sport Brunheda Benfica, que funciona na escola. Pouco depois o autocarro partia para Pinhal do Norte. Apanhei a primeira viagem, porque queria estar no Pombal antes das portas do salão se abrirem para a Prova de Vinho.
Em termos de balanço, ocorrem-me os seguintes comentários:
  • Para mim a caminhada foi curta, à volta de 8,5 km, que foram percorridos em pouco tempo.
  • O dia esteve bom para caminhar: um sol bonito mas um ar fresquito que ajudou a manter a boa disposição.
  • Foi bom ver tanta gente a caminhar. Havia mesmo um grupo de caminheiros de Valpaços! É bom que estes eventos comecem a cativar gente de fora que queira conhecer o concelho.
  • Gostaria de encontrar as capelas e as igrejas abertas; esta é uma oportunidade única de mostrar o património de cada aldeia.
  • Parece-me que devia haver pontos intermédios, ao longo do percurso, onde o grupo se se reagrupava. Não acho que os participantes devam ir todos os monte, mas também não devem ir muito dispersos.

GPSies - Pinhal_Brunheda

sábado, 20 de abril de 2013

XIX Prova de Vinho em Pombal

 No dia 14 realizou-se  em Pombal, no concelho de Carrazeda de Ansiães XIX Prova de Vinho.
Este evento organizado pela ARCPA (Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães) destina-se a promover os vinhos da freguesia, conhecida por produzir vinhos de excelente qualidade, principalmente os brancos.
Nesta edição estiveram representados perto de 30 produtores, que disponibilizaram gratuitamente os seus vinhos para a prova. O acesso à prova era livre, mediante a compra de um copo, que custava 2,5€ ao público em geral e 1€ aos sócios da ARCPA.
Para acompanhar os vinhos a Associação recheou as mesas com pão, azeitonas, queijo, folar, batatas fritas, presunto, chouriço, bolos de bacalhau, rissões, frutos secos, bolachas, etc., tudo em quantidades consideráveis, porque o vinho "cai mal" em estômagos vazios.
Desengane-se quem pensa que o evento atraiu apenas "bons copos". As primeiras pessoas a entrarem no recinto foram nada mais nada menos que idosas, que aproveitaram os poucos lugares sentados reservados para os produtores e seus próximos. A tarde adivinhava-se longa e uma cadeira deu imenso jeito.
Não faltou também a animação musical, a cargo do Rancho Folclórico de Carrazeda de Ansiães. O rancho subiu ao palco e executou várias danças, algumas executadas pela sua secção mais jovem, mas que já demonstram um bom desempenho, para a sua tenra idade.
A festa de boa comida, melhor bebida e música popular durou toda a tarde. No final a Presidente da Associação agradeceu a presença de todos, em especial os produtores de vinho presentes e chamou-os ao palco para receberam um certificado de presença e alguns produtos fitosanitários.
Contrariamente ao que se passou em algumas edições anteriores, não houve a vertente concurso, com distinção dos melhores vinhos.  A recolha de amostra, a sua análise numa instituição reconhecida como a Casa do Douro e o feedback dado aos produtores sobre as características do seu vinho com as análises e uma ficha de prova constituíram um elemento importante no melhoramento dos vinhos, ano após ano. Não sei se não se fez essa colheita de amostras, mas pelo menos não foi visível no evento que que tal tenha acontecido.
Esta prova de vinhos proporcionou um um excelente convívio às gentes da aldeia, mas também uma oportunidade de negócio. Estiveram presentes pessoas vindas de todos o concelho e da região, muitos para provarem, mas também potenciais compradores, que bem falta fazem. O Pombal produz bastante vinho, de qualidade, mas tem grandes dificuldades em escoar o produto. Eventos deste são de crucial importância.

domingo, 14 de abril de 2013

Capela de S. Marinha - Pinhal do Norte

Capela de Santa Marinha situada fora do povoado de Pinhal do Norte, no concelho de Carrazeda de Ansiães).

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Freixiel - Mogo - Freixiel

 Confesso que muitas das caminhadas que já fiz começaram com a curiosidade em visitas virtuais que faço através dos mapas em frente ao computador. É como ver as impressões digitais da superfície da terra e, umas vezes pelo desenho das curvas de nível, outras pela ocupação dos terrenos, ou pelo traçado dos caminhos, apetece-me ir in loco conhecer os locais. Às vezes consigo concretizar esse desejo. Um dos locais que já algum tempo desejava conhecer é um pedaço do termo de Freixiel que se estende desde esta aldeia até Mogo de Malta, acompanhando um pequeno riacho pelo vale Mós.
Há dois grandes vales que partem do termo de Mogo de Malta e que morrem junto à aldeia de Freixiel. Um dá pelo nome de vale Covo, com uma encosta a pertencer a Candoso e outra a Freixiel; o outro é o fantástico vale da Cabreira, dividido entre Mogo, Zedes e Freixiel (e bastante Folgares). Mas, entre estes dois vales, há um terceiro, um vale que se poderia chamar vale de "montanha", a maior altitude e menos escavados que os dois citados (já por mim explorados).
Percorrer o vale das Mós e chegar a Mogo de Malta foi o desafio que me levou a calçar as botas num já longínquo sábado de fevereiro.
A distância a percorrer, Freixiel - Mogo de Malta e Mogo de Malta - Freixiel afastou a hipótese de sair de Vila Flor a pé. Fomos de carro até à Rua Queimada, em Freixiel e daí partimos À Descoberta de uma parte do concelho ainda totalmente desconhecida, mesmo após 6 anos de caminhadas.
A primeira surpresa aconteceu mesmo ao deixar-mos a aldeia: há uma extensão considerável de caminho em lajes, lembrando a calçada do Mogo ou outras do mesmo género. É que no Bairro da Fraga, rochas é o que não falta, e o declive é acentuado. O riacho que percorre o vale das Mós (porque terá este nome?) precipita-se em várias pequenas cascatas num ambiente muito bucólico e a neblina matinal ainda fazia sobressair mais.
Terminado o troço das lajes, que também permite uma bela visão sobre a aldeia de Freixiel, o caminho continua pelo coração do vale, único local onde há alguma terra passível de ser arada ou aproveitada para o pasto. Pouca gente deve passar por ali. O caminho mostrava sinais de ser pouco utilizado, mas felizmente para caminhar, ou mesmo para bicicleta estava perfeito.
Pensava conseguir ver lá do alto o vale da Cabreira, ou o vale Covo, mas não aconteceu. Como seguíamos pela parte mais baixa, não conseguíamos alcançar grandes distância com a vista. Os rochedos, por seu lado, oferecem configurações e tamanhos dignos de ser admirados. O homem construiu abrigos em vários deles e só o medo de perdermos tempo fez com que seguíssemos em frente sem nos aventurarmos a explorar e fotografar algumas formações rochosas de tamanhos abismais.
 Algures a meio do percurso entre Freixiel e Mogo está a linha divisória do concelho de Vila Flor e o de Carrazeda de Ansiães. Poucas vezes as caminhadas abrangem mais do que um concelho, mas as fronteiras não passam de linhas imaginárias muito mal definidas. Então se pensarmos na história de Freixiel e na ligação que Mogo de Malta tinha com esta freguesia, mais convencidos ficamos que as fronteiras muda-as o homem ao sabor dos tempos, reescrevendo a história.
Foi já perto do Mogo que afrouxámos o passo e nos dedicámos a olhar com mais atenção os rochedos. O duro granito oferece muitas vezes construções admiráveis. Ora aparecem grandes "ovos" em delicado equilíbrio, ora são as entranhas das rochas que surgem desgastadas apresentando enormes buracos capazes de albergar variados animais e mesmo várias pessoas. A natureza é surpreendente.
O primeiro ponto de interesse da nossa caminhada era o marco geodésico de Pedrianes, local já meu conhecido. Perto de marco geodésico há um nicho de umas antigas alminhas, sinal da importância que este caminho tinha na ligação entre as duas aldeias. Curioso é o nome do local onde se encontram as alminhas e o marco geodésico, Fragas do Medo! Local de salteadores? De Lobos? Talvez de ambos, mas não parece nada assustador.
 O nosso segundo ponto de interesse era o Santuário de Nossa Senhora da Saúde. A capela está sempre fechada, mas só pela paisagem vale a pena fazer uma visita a este local. Depois,  havia outra coisa que nos interessava no santuário, uma espécie de desporto/hobby conhecido pelo nome de Geocaching, de que um dia falarei no Blogue.
Foi junto à capela que devorámos algumas peças de fruta. Já passava do meio dia e ainda faltavam muitos quilómetros para serem percorridos.

Passámos pelas ruínas do antigo moinho de vento e descemos pela bem conhecida calçada do Mogo. Este património está muito pouco cuidado. Passou por lá uma lagarteira de deixou marcas irreparáveis, há muito lixo espalhado em vários locais e crescem giestas e silvas no meio da calçada.  Numa altura em que a autarquia começa a mostrar algum interesse em apostar no turismo de natureza deve, em parceria com as Juntas de Freguesia, dar mais importância a este património.
O percurso desde o santuário até Freixiel e quase sempre descendente, o que não significa que seja fácil. O declive é muito acentuado e já com algum cansaço (e fome) quase parecia que nunca mais chegávamos. Se não fossem estes incómodos poderíamos ter apreciado mais o pé-de-cabrito, a Quinta do Pobre, os fornos de secar figos, etc. Foi muito bom encontrarmos as primeiras amendoeiras em flor e a ribeira com um bom caudal (mas não tanto quanto deve ter agora).
Na parte final do percurso o caminho já vai em pleno vale com terrenos de cultivo de um lado e do outro. Há muita vinha, mas também oliveiras.
Chegámos a Freixiel já depois das 3 da tarde! A caminhada não foi muito longa, cerca de 15 km, mas sempre com bastante declive. Também os muitos locais de interesse fizeram que que fizéssemos paragens mais demoradas. Felizmente o dia esteve muito quente, o que proporcionou uma excelente caminhada.

Sobreiro

Sobreiro junto à estrada, em Ribalonga (Carrazeda de Ansiães).

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Prova do Folar em Vilarinho da Castanheira - Fotografias 1





Fotografia da Prova do Folar que aconteceu no dia 24 de março em Vilarinho da Castanheira, junto dos moinhos no Ribeiro do Coito.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Prova do Folar em Vilarinho da Castanheira

No dia 24 de março realizou-se em Vilarinho da Castanheira a tradicional prova do folar.
Nos últimos anos os amigos desta aldeia têm-me convidado para conhecer esta tradição, mas, como se trata de uma época em que as famílias se reúnem e em que me desloco bastante, não foi possível estar presente.
Em 2013 foram as condições atmosféricas adversas que quase fizeram com que o evento não se realizasse.
Conheço várias locais onde se usa ir comer o folar para o campo, como em Miranda do Douro, Mirandela, Freixo de Espada à Cinta ou Besteiros, na freguesia de Fontelonga, mas em todos eles a tradição acontece na segunda-feira de Páscoa. Em Vilarinho da Castanheira ela acontece no Domingo de Ramos, antes da Páscoa, daí o nome "prova do folar".
A prova tem lugar sempre no mesmo local, junto aos moinhos recuperados do Ribeiro do Coito. Este ano houve vários fatores que contribuíram para que o local estivesse ainda mais arranjado: aí foram feitas filmagens, recentemente, para um canal de televisão; a autarquia está a realizar visitas turísticas, regulares, ao local; tem chovido muito o que fez com que houvesse água mais do que suficiente para fazer girar o mecanismo dos dois engenhos já recuperados.
Penso que estaria no local grande parte da população da aldeia e mesmo alguma das aldeias vizinhas (e mesmo da vila).
O tempo estava instável, com algumas abertas mas com ameaças de chover a qualquer altura.
Os folares e todos os outros géneros consumidos são fornecidos pela junta de freguesia. Houve sumo,  coca cola e vinho, porque festa que se prese tem que ter alegria.
Para ajudar na festa esteve também presente o Grupo de Música Tradicional da Associação Cultural e Recreativa de Vila Flor.  Sem grandes condições para atuar, face à ameaça constante de chuva, instalaram-se num coberto onde executaram as suas alegres músicas e cantares.
Não foi preciso muito para que os mais afoitos se animassem e se improvizasse um baile.
E foi bom de ver um convívio como já não se vê muito, com novos e velhos a conversarem a comerem, beberem e dançarem como uma comunidade, talvez de forma muito semelhante àquela como o fizeram as famílias que habitaram aquele local quando o conjunto de moinhos se encontrava no auge da sua utilização.
Foi uma excelente tarde passada num local idílico, na companhia dos amigos.