quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Bairro do Carvalho, Zedes

Vista parcial de Zedes, com o Bairro do Carvalho e a Rua do Vale (incorretamente assinalada como Rua do Val). Foi numa destas casas que eu nasci e noutra que eu cresci. O espaço envolvente, o Pinheiro, a Carvalhal, a Murada, o Vale, etc. ajudaram a moldar este gosto pela natureza que ainda hoje tenho.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Passeios Pedestres


A Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães vai realizar um conjunto de percursos pedestres por terras do concelho. São pequenos percursos, sem grande exigência física, já marcados há alguns anos. Apesar de os percursos se realizarem em pontos diferentes no concelho, a autarquia fornece transporte, a partir da Vila, para os locais de início. Atenção às datas para a inscrição!

  • 04 de Março 2012 - Trilho de Linhares (4,9 km)
  • 01 de Abril 2012 - Trilho da Foz do Tua (9,8 km)
  • 22 de Abril 2012 - Trilho da Pala da Moura (10,3 km)
  • 13 de Maio 2012 - Trilho do Castelo (5,5 km)
  • 03 de Junho 2012 - Trilho da Fraga da Ferraduras (12,7 km)

Mais informação está disponível na página oficial do Município.

Pormenores - Pinhal do Norte

Recanto em Pinhal do Norte. Esta casa foi recuperada, mas houve a preocupação de manter a traça, fazendo com que esteja muito bonita mas que continue enquadrada no meio em que se encontra.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Igreja Matriz de Fontelonga

Traseiras da Igreja Matriz de Fontelonga
A Igreja Matriz, imponente e com grande comprimento, toda ela em granito, de Torre Sineira Central e de 2 sinos, fachada elegante e 2 aberturas laterais com a data de 1875. O cemitério está mesmo em frente, cuja entrada é feita pelo adro, espaço que o separa da entrada principal da Igreja. Para sul está o Campo de Futebol, quase paredes-meias com o cemitério.
A entrada no adro pode fazer-se pela retaguarda da Igreja, onde está um Cruzeiro. À volta da Igreja vários frondosos ciprestes escondem a beleza e o valor arquitectónico real daquele monumento, que encerra altares de rica talha dourada.

Fonte do texto: CM de Carrazeda de Ansiães

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Flores de Amendoeira

Flores de amendoeira em Pereiros. A fotografia não é deste ano, porque a floração está bastante atrasada.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Zedes, fim do dia

A calma do fim do dia com uma vista privilegiada para o vale da Cabreira. A aldeia lá ao fundo é Freixiel. Desracam-se na paisagem algumas montanhas, como o Faro, em Vilas Boas, e um pouco mais ao lado o Cabeço de Nossa Senhora da Assunção. A mancha branca na paisagem é a pedreira de onde tem saído muita gravilha para o IC5. Também se vê a localização de Samões.
Tudo isto é visível, desde Zedes, mais concretamente da estrada que liga a Folgares.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Igreja Matriz de Marzagão

Em Marzagão sente-se o bafo do castelo. Jaz esta jóia adormecida aos pés de sua mãe. Em preito de densa e saudosa vigília; em mandamento da memória dos cavaleiros que nos sepulcros esquecidos servem de subsolo a uma economia agrária pastoril.
Marzagão! Eis um nome que soa e que enche o peito a seus filhos emigrados, seus actuais cavaleiros de olhos postos na sua bela matriz de granito lavado, restaurada por todos os seus moradores presentes e ausentes.
Este maravilhoso templo, tão harmonioso nas suas linhas singelas, incute suave austeridade e encanto no fresco de seu tecto apainelado com pinturas de santos e de santas de cândida doçura.
Altar-mor de talha dourada, quatro altares laterais e de talha dourada também, de S. Sebastião, Nossa Senhora das Dores e do Sagrado Coração de Jesus; uma torre sineira, um órgão electrónico e um relógio estridente no seu ímpio choro das horas.
De uma só nave e sacristia, tem junto ao púlpito a seguinte inscrição: «Esta igreja tresladada para aqui da primitiva de extra-muros da vila de Ansiães no ano de 1575 e reformou-se no ano de 1765 sendo reitor o doutor António de Sousa Pinto da mesma Freguesia».
É este abade, que o foi durante mais de vinte anos, autor, de colaboração com João Pinto de Morais, abade da Carrazeda, das Memórias de Anciães.
Erectos e juntos às paredes do monumento, erguem-se, exactos e não mutilados, catorze cruzeiros de pedra inteiriça, em adro, onde a cabra não entra. Foi Marzagão da reitoria do padroado real e cabido da comenda de S. João Batista, da Ordem de Cristo, no termo de Anciães e à qual esteve anexa a antiga freguesia de Luzelos que era da apresentação do mesmo reitor de Marzagão (Dicionário Corográfico de Portugal de Américo Costa). Tem festa à Nossa Senhora do Rosário.

Extrato do livro Carrazeda de Ansiães e o Seu Termo, de José Aguilar, publicado em 1980, com edição da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

À Descoberta de Seixo de Ansiães (3/3)

Continua de: À Descoberta de Seixo de Ansiães (2/3)
Depois de chegados à recente capela mortuária, está-se, de novo, no largo do Adro, ou seja, no ponto de partida.
A igreja merece uma visita. A paróquia do Seixo teve início no séc. XV, mas este templo não é dessa época. O mais certo é que nada tenha restado das primeiras construções, que devem ter sido, ou uma pequena igreja, ou mesmo uma capela adaptada. No séc. XVIII já existia uma igreja com três altares. Na capela-mor estavam a imagem de S. Sebastião, de um lado, e a de S. António do outro. Nos altares laterais estavam uma imagem de Nossa Senhora do Rosário (vestida a tecido) e Cristo crucificado. Esta imagem de Cristo crucificado pode muito bem ser a que recentemente foi colocada junto à pia batismal, junto à porta principal da igreja. Não sei se existe algum vestígio da dita imagem de Nossa Senhora do Rosário, que na altura tinha uma irmandade na aldeia (havia também as irmandades das Almas e a do Santíssimo Sacramento).
Atualmente há a destacar mais algumas imagens e um altar. Há mais um altar com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Este altar, em talha dourada é bastante mais antigo que os dois altares laterais. Tem um elemento decorativo bastante interessante. Trata-se de uma pomba pintada, ou seja o símbolo do Espírito Santo. Ora, existindo na aldeia uma capela dedicada ao culto do Espírito Santo desde longa data, não terá este altar vindo dessa capela? É bem possível que sim. A imagem do Senhor dos Passos é imponente.
A igreja foi recentemente restaurada quase na totalidade. Quando a visitei, há poucos meses atrás, não tinha sinais evidentes de necessitar de restauro, mas a paróquia tem a vantagem de contar um conjunto de beneméritos que têm gosto no seu templo. Todos os altares foram desmontados e levados para restauro. Foram recolocados, e a igreja foi reaberta ao culto há poucos dias, com a presença de D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda a presidir à celebração da Eucaristia em que concelebraram o Pároco Rev.do Padre Humberto Coelho, o Rev.do Padre José Belmiro e o Rev.do Padre António Bernardo. Para além do restauro dos altares foram também refeitos o teto e o chão da capela-mor, composto parte do chão da igreja e comprado um novo ambão. Uma enorme cruz de madeira, que vai do chão ao teto, foi deslocada mais para a retaguarda da igreja. É uma peça muito bonita, mas não se encontra bem enquadrada neste templo clássico.
Sob uma pia de água benta em granito está esculpido um rosto humano. Dizem que representa o Seixo.
Terminado este percurso pela aldeia, quase de certeza que o olhar foge para o cume do monte onde se ergue uma pequena ermida, a Senhora da Costa. Esta ermida é muito antiga, já existia no séc. XVIII, embora já não seja o mesmo edifício. O anterior, em granito, foi demolido e foi construído outro, Nossa Senhora da Costa “nova”.
O acesso ao alto do monte é fácil, mesmo num carro ligeiro, através de um estradão recentemente composto. E vale a pena subir lá ao alto, é um excelente miradouro! São muitos os povoados que daqui se avistam: Lavandeira (com o seu Castelo), Selores, Carrazeda de Ansiães, Beira Grande (ali próximo), Vilarinho da Castanheira, Pinhal do Douro e uma vastidão de paisagem que se estende ao longo do ribeiro da Vila, da queda de água da Ôla (ou Síbio) até ao vale do Douro, onde o rio corre mansinho rodeado de belas quintas com os suas vinhas em socalco. O olhar perde-se par lá do rio.
Junto da ermida há uma pequena gruta nos rochedos que apresenta restos de tinta de um fundo azul com estrelas brancas pintadas. Pensei tratar-se do local de alguma cerimónia, mas ninguém me confirmou se alguma vez ali foi colocada uma imagem. Há a crença de que nessa gruta apareceu Nossa Senhora pela primeira vez. Assim, talvez se perceba melhor a designação de Nossa Senhora da Lapa, porque também é conhecida. A festa nesta ermida era realizada a 25 de Março, mas agora tem lugar no início de Agosto, com um dos pontos mais altos na procissão com a imagem de Nossa Senhora da Costa.
Para terminar este passeio por Seixo de Ansiães falta referir a simpatia das pessoas com que me cruzei em várias visitas que fiz à aldeia. Em todas senti vaidade no seu torrão, neste caso no seu seixo, e disponibilidade para falarem e mostrarem o que mais apreciam na sua terra. Muito mais coisas haveria a descobrir, mas isso será já tarefa de cada um, se tiverem vontade e gosto em conhecer os recantos do concelho.

Este texto (e algumas das fotografias) foi publicado no jornal O Pombal, em Dezembro de 2011.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

À Descoberta de Seixo de Ansiães (2/3)

Continuação de: À Descoberta de Seixo de Ansiães (1/3)
Para norte segue a estrada CM1142 que conduz ao campo de futebol e ao cemitério e que depois segue para Besteiros com ligação a Fontelonga (agora com o pavimento recuperado). Em sentido contrário volta-se ao centro da aldeia pela rua do Arieiro, passando junto à sede da Junta de Freguesia. Mas, entrando pela rua da Lameira conhece-se outra vertente da aldeia. Nesta zona as construções são mais recentes e as ruas mais largas. Há um conjunto de ruas paralelas denotando já algum planeamento no seu traçado, coisa pouco habitual nas nossas aldeias. O ponto mais alto, o Calvário sugere a existência de algum símbolo religioso, que ninguém me confirmou. Foi, em tempos, uma das muitas eiras da aldeia, onde se fazia a debulha do cereal.
A rua do Nicho segue em direção à saída da aldeia onde se encontra um bonito recanto constituído por um nicho em granito, com a imagem de Nossa Senhora dos Caminhos e parte de um lagar de azeite. O nicho foi construído há algumas décadas atrás mas o arranjo do espaço foi feito em 2007.
Percorridas algumas dezenas de metros ao longo da estrada municipal 632 é a altura de conhecer a área situada à direita desta estrada, que corta a aldeia em duas. Seguindo pela rua do Loureiro encontram-se, além de bonitos exemplares de habitações, umas antigas alminhas, em granito, aparelhado, já sem qualquer retábulo mas que ainda apresenta vestígios de pintura. É uma peça única, que aparece um pouco desenquadrada embutida numa parede recente. É bem possível que este não seja o seu local primitivo.
Em direção à saída para Beira Grande pode-se admirar mais um cruzeiro, semelhante ao que se encontra mo início da rua da Tapada. Em sentido contrário fica a rua do Pereiro onde se encontra mais um elemento do património edificado que orgulha os residentes, é o Chafariz. É uma segunda fonte arcada.
 Curiosamente a curta distância fica a rua da Fonte Nova. Uma busca pela fonte será infrutífera, mas nem sempre foi assim. Existiu outra fonte nessa rua. A sua localização está assinalada por uma pequena cruz numa rocha da parede. É também pela rua da Fonte Nova que se pode chegar à fonte das Calçadas, local com uma bela paisagem e com uma das lendas mais curiosas de Seixo de Ansiães. Junto desta fonte está a figura de uma ferradura gravada na rocha. Reza a lenda que esta marca foi deixada pelo cavalo do diabo quando este aí apoiou a patas para saltar para a Ôla, queda de água de mais de trinta metros de altura, um pouco abaixo da povoação do Pinhal do Douro, onde o diabo se queria juntar às feiticeiras que aí habitualmente dançam às sextas-feiras, pela meia-noite.
 Deixando a aventura pelo termo para outra altura, pode seguir-se pela rua do Valado para conhecer mais umas alminhas, estas mais preservadas, exibindo um bonito painel em azulejo policromado. Ainda tem mealheiro! É um dos mais bonitos monumentos do género existentes no concelho. Inicialmente estas alminhas encontravam-se no seguimento da rua do Pereiro, num lugar chamado Sobreira. Era essa a principal via de ligação a Coleja e a Senhora da Ribeira.
Continuando no seguimento da rua do Valado entra-se de novo num dos núcleos mais antigos da aldeia. Na periferia do povoado está a pequena capela do Espírito Santo. É uma construção com origem muito antiga. No séc. XVII houve no Seixo a confraria do Espírito Santo e a capela aparece registada num escrito do século seguinte. Foi-me dito que a capela era utilizada por uma comunidade de judeus que vivia num bairro próximo (rua da Carreira), que se fechava ao exterior com uma pesada porta! Mesmo sendo imaginação, o bairro existe, e é constituído por casas muito humildes. Descobri algumas cruzes gravadas nas ombreiras das portas!
 Não entrei na capela do Espírito Santo. O exterior não apresenta grande valor arquitetónico. É um edifício retangular, revestido e pintado de branco, rodeado por um muro em blocos rusticamente colocados. Destaca-se a sua pequena torre sineira, de um único sino, em arco de volta perfeita.

Continua:
À Descoberta de Seixo de Ansiães (3/3)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

À Descoberta de Seixo de Ansiães (1/3)

Seixo de Ansiães é uma aldeia (e freguesia) do concelho de Carrazeda de Ansiães que dista aproximadamente 10 km da sede. Situada no extremo sul, o seu termo compreende uma área de bastante altitude exposta e outra mais protegida, na margem do rio Douro.
Os meus contactos com esta aldeia resumem-se à participação nalgumas atividades desportivas (futebol e também atletismo) durante a minha juventude e a um número considerável de passagens pelo centro da aldeia em visitas a Coleja ou à Senhora da Ribeira.
Na aproximação à aldeia, quer vindo de Carrazeda, via Selores, quer vindo por Fontelonga, via Besteiros, surpreende a rusticidade da paisagem, com formações rochosas em quantidades inimagináveis que formam montes íngremes como a Cabeçoita. Os recentes incêndios que dizimaram grande parte da vegetação, composta essencialmente por giestas e pinheiros, contribuíram para esta imagem agreste.
A estrada que dá acesso à aldeia, via Besteiros, permite prolongar a vista pela encosta abaixo, desde o ponto mais alto, onde se situa Vilarinho da Castanheira, até ao ponto mais distante, onde se adivinha o grande rio. Foi neste vale escavado, onde corre o ribeiro da Vila e onde existiram em tempos inúmeros moinhos de água, que dizem que se formou o primeiro povoado que deu origem a Seixo de Ansiães (sem no entanto haver grandes vestígios arqueológicos que comprovem esta teoria). Certo é que existem algumas ruínas de habitações e as pessoas mais velhas ainda têm memória da antiga capela de S. Bartolomeu nesse local. Em meados do séc. XVIII ali se celebrava uma missa no dia de S. Bartolomeu e há pouco mais de 50 anos a capela ainda tinha telhado.
É, também, nestas quotas mais baixas, perto do rio Douro, que aparecem os mais antigos vestígios da presença humana, principalmente do período de influência romana. São inscrições, habitat e minas. Junto à Quinta de Fonte Santa existem ruínas de umas antigas termas que se mantiveram em funcionamento até à segunda metade do séc. XX. Mas foi no interior da aldeia, ou próximo dela, que centrei a minha atenção, na tentativa de ficar a conhecer melhor Seixo de Ansiães.
O melhor lugar para começar um percurso pela aldeia é o largo do Adro. Há espaço par estacionar o carro, sombra e um café por perto, no caso de se querer tomar alguma coisa antes de começar a volta pelas principais ruas.
Ao longo da rua da Fonte podem ser apreciadas as construções típicas, que se podem encontrar em todas as áreas mais antigas da aldeia. O granito é o material mais utilizado e o caminho de acesso à fonte do Valado também é pavimentado com lajes desta rocha. A fonte do Valado é uma fonte arcada, antiga, que ainda hoje é bastante utilizada, quer para a recolha de água para uso doméstico, quer no bebedouro para os animais, quer para a utilização nos tanques anexos, na lavagem manual da roupa.
Voltando à rua da Fonte, várias são as alternativas na tentativa de encontrar os recantos mais caraterísticos e mais antigos. A rua do Forno seria uma boa escolha, outra é continuar pela rua da Fonte em direção ao antigo campo de futebol. No local está um completo polidesportivo, com bancadas e tudo! A aldeia continua a ter um campo de futebol de onze, a curta distância daí, não sei é se ainda tem gente em número suficiente para fazer duas equipas, e com ganas de jogar.
Depois de percorrida a travessa da Cruzinha, com cheiro a pão acabado de cozer, aparece à entrada da rua da Tapada, o cruzeiro com o mesmo nome. Este cruzeiro está neste local há pouco mais de 30 anos, encontrando-se originalmente a algumas dezenas de metros de distância, no caminho velho que ligava o Seixo a Besteiros. Na base do cruzeiro há uma mensagem gravada que mal se lê. Consegui decifrar as palavras “nós que estamos penando”. A frase completa é muitas vezes: “Vós que ides passando orai por nós que estamos penando” mas não a consegui confirmar. Pode também ter as iniciais PNAM, que significa “Pai Nosso e Avé Maria”. As pessoas que passavam pelo cruzeiro, rezavam um Pai Nosso e uma Avé Maria e depositavam uma moeda no mealheiro, que serviria para mandar rezar missas pelas almas do purgatório.
Continua:
À Descoberta de Seixo de Ansiães (2/3)