Em Marzagão sente-se o bafo do castelo. Jaz esta jóia adormecida aos pés de sua mãe. Em preito de densa e saudosa vigília; em mandamento da memória dos cavaleiros que nos sepulcros esquecidos servem de subsolo a uma economia agrária pastoril.
Marzagão! Eis um nome que soa e que enche o peito a seus filhos emigrados, seus actuais cavaleiros de olhos postos na sua bela matriz de granito lavado, restaurada por todos os seus moradores presentes e ausentes.
Este maravilhoso templo, tão harmonioso nas suas linhas singelas, incute suave austeridade e encanto no fresco de seu tecto apainelado com pinturas de santos e de santas de cândida doçura.
Altar-mor de talha dourada, quatro altares laterais e de talha dourada também, de S. Sebastião, Nossa Senhora das Dores e do Sagrado Coração de Jesus; uma torre sineira, um órgão electrónico e um relógio estridente no seu ímpio choro das horas.
De uma só nave e sacristia, tem junto ao púlpito a seguinte inscrição: «Esta igreja tresladada para aqui da primitiva de extra-muros da vila de Ansiães no ano de 1575 e reformou-se no ano de 1765 sendo reitor o doutor António de Sousa Pinto da mesma Freguesia».
É este abade, que o foi durante mais de vinte anos, autor, de colaboração com João Pinto de Morais, abade da Carrazeda, das Memórias de Anciães.
Erectos e juntos às paredes do monumento, erguem-se, exactos e não mutilados, catorze cruzeiros de pedra inteiriça, em adro, onde a cabra não entra. Foi Marzagão da reitoria do padroado real e cabido da comenda de S. João Batista, da Ordem de Cristo, no termo de Anciães e à qual esteve anexa a antiga freguesia de Luzelos que era da apresentação do mesmo reitor de Marzagão (Dicionário Corográfico de Portugal de Américo Costa). Tem festa à Nossa Senhora do Rosário.
Extrato do livro Carrazeda de Ansiães e o Seu Termo, de José Aguilar, publicado em 1980, com edição da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
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