Percorrer o vale das Mós e chegar a Mogo de Malta foi o desafio que me levou a calçar as botas num já longínquo sábado de fevereiro.
A primeira surpresa aconteceu mesmo ao deixar-mos a aldeia: há uma extensão considerável de caminho em lajes, lembrando a calçada do Mogo ou outras do mesmo género. É que no Bairro da Fraga, rochas é o que não falta, e o declive é acentuado. O riacho que percorre o vale das Mós (porque terá este nome?) precipita-se em várias pequenas cascatas num ambiente muito bucólico e a neblina matinal ainda fazia sobressair mais.
Pensava conseguir ver lá do alto o vale da Cabreira, ou o vale Covo, mas não aconteceu. Como seguíamos pela parte mais baixa, não conseguíamos alcançar grandes distância com a vista. Os rochedos, por seu lado, oferecem configurações e tamanhos dignos de ser admirados. O homem construiu abrigos em vários deles e só o medo de perdermos tempo fez com que seguíssemos em frente sem nos aventurarmos a explorar e fotografar algumas formações rochosas de tamanhos abismais.
Algures a meio do percurso entre Freixiel e Mogo está a linha divisória do concelho de Vila Flor e o de Carrazeda de Ansiães. Poucas vezes as caminhadas abrangem mais do que um concelho, mas as fronteiras não passam de linhas imaginárias muito mal definidas. Então se pensarmos na história de Freixiel e na ligação que Mogo de Malta tinha com esta freguesia, mais convencidos ficamos que as fronteiras muda-as o homem ao sabor dos tempos, reescrevendo a história.
Foi já perto do Mogo que afrouxámos o passo e nos dedicámos a olhar com mais atenção os rochedos. O duro granito oferece muitas vezes construções admiráveis. Ora aparecem grandes "ovos" em delicado equilíbrio, ora são as entranhas das rochas que surgem desgastadas apresentando enormes buracos capazes de albergar variados animais e mesmo várias pessoas. A natureza é surpreendente.
O nosso segundo ponto de interesse era o Santuário de Nossa Senhora da Saúde. A capela está sempre fechada, mas só pela paisagem vale a pena fazer uma visita a este local. Depois, havia outra coisa que nos interessava no santuário, uma espécie de desporto/hobby conhecido pelo nome de Geocaching, de que um dia falarei no Blogue.
Foi junto à capela que devorámos algumas peças de fruta. Já passava do meio dia e ainda faltavam muitos quilómetros para serem percorridos.
O percurso desde o santuário até Freixiel e quase sempre descendente, o que não significa que seja fácil. O declive é muito acentuado e já com algum cansaço (e fome) quase parecia que nunca mais chegávamos. Se não fossem estes incómodos poderíamos ter apreciado mais o pé-de-cabrito, a Quinta do Pobre, os fornos de secar figos, etc. Foi muito bom encontrarmos as primeiras amendoeiras em flor e a ribeira com um bom caudal (mas não tanto quanto deve ter agora).
Na parte final do percurso o caminho já vai em pleno vale com terrenos de cultivo de um lado e do outro. Há muita vinha, mas também oliveiras.
Chegámos a Freixiel já depois das 3 da tarde! A caminhada não foi muito longa, cerca de 15 km, mas sempre com bastante declive. Também os muitos locais de interesse fizeram que que fizéssemos paragens mais demoradas. Felizmente o dia esteve muito quente, o que proporcionou uma excelente caminhada.
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