Hoje o dia estava destinado para mais uma incursão À Descoberta de mais alguns cantinhos do concelho de Carrazeda de Ansiães, mas, acordou chuvoso e até os recantos mais coloridos pelos tons do Outono pareceriam cinzentos.
Como a tecnologia actual nos permite viagens infindáveis, por mundos distantes (e mesmo imaginários), aqui estou eu para mostrar e descrever mais viagens anteriores.
Vai para um mês fiz uma viagem a Seixo de Manhoses. Para chegar à aldeia usei uma estrada que nunca tinha utilizado antes. Liga Seixo de Ansiães a Besteiros e Fontelonga. No Outono gosto muito de passar por Fontelonga, entre outras coisas porque os castanheiros ganham tonalidades muito interessantes que gosto de fotografar.
Entre Besteiros e Seixo tem-se contacto com o concelho profundo, tal como noutros pontos do concelho, como por exemplo Pereiros e Codeçais. Por entre videiras e amendoeiras que devem habitar estes locais há séculos, quase se avista o Douro, por entre as copas dos pinheiros esturricados pelos incêndios do último Verão. Algumas vinhas e pomares também não resistiram às chamas.
A aproximação à aldeia mostra-nos uma capelinha no alto do monte, trata-se de Nossa Senhora da Costa. É um desafio que vale a pena vencer, uma vez que a paisagem que se avista deste lugar vale bem a energia despendida para aqui chegar.
Seixo de Ansiães é uma aldeia para Descobrir sem pressas. As ruas mais antigas oferecem construções bem características da nossa região, algumas das quais em ruínas. Que me desculpem se fotografo principalmente casas velhas. A ideia não é mostrar a decadência das aldeias, mas sim a beleza que existe na simplicidade. Muitas das vivendas modernas, hão-de um dia ser velhas e talvez haja quem se interesse por elas como antigas e simples. É o ritmo da vida e das coisas.
Na aldeia há uma zona com ruas largas, planeadas, que fazem inveja a algumas vilas, mas é nas ruas estreitas, cheias de contrastes, que me sinto mais entusiasmado. São portões e gradeamentos em ferro forjado muito bonitos, são janelas e portas abertas no rústico granito, são recantos que convidam à calma (como a Rua do Forno), que me atraem.
No Seixo não pode deixar de se visitar algumas fontes antigas como a Fonte do Barroso e o Chafariz, a capela do Espírito Santo, cruzeiros, duas interessantes alminhas e, é claro, a igreja matriz.
Sem dar por isso, encantado também pela conversa que fui mantendo com algumas pessoas, chegou a hora de almoço. Como bom aventureiro que sou, estava prevenido, o almoço estava comigo. Subi ao alto do monte sobranceiro à aldeia onde se situa a capela de Nossa Senhora da Costa e almocei nesse lugar, com uma vista privilegiada de 360 graus de beleza.
A capela não é uma construção de grande relevo. Tem gravado o ano de 1968, talvez o ano da sua construção em substituição da Senhora da Costa “velha”. Encontrei algumas pessoas que me falaram dela.
Depois do almoço desci de novo à aldeia. A minha curiosidade levou-me À Descoberta de uma singular fonte a alguns quilómetros do povoado, entre vinhedos, nas encostas para o Douro. Desorientado e preocupado com a viatura, pouco própria para estas aventuras, desisti de encontrar a Fonte da Calçada, mas sei que estive perto.
A paragem seguinte foi em Selores. A porta da igreja matriz estava aberta, o que constituiu uma boa oportunidade para uma visita. Fiquei fascinado. Infelizmente o senhor presidente da junta, presente no local, não me permitiu a recolha de imagens. Estou certo que, numa próxima visita, compreenderá as minhas boas intenções, nem que para isso tenha que falar com o pároco da freguesia.
É impossível passar por Selores sem fazer uma paragem na conhecida Casa de Selores. É mais famosa a casa do que a aldeia! Entre outros pontos de interesse “é obrigatório” fotografar os três (!) brasões que ostenta.
Depois de uma rápida passagem por Marzagão, que adormecido, nem deu pela minha passagem, segui para Carrazeda de Ansiães. Parei na Praça, onde tantas vezes joguei futebol à socapa. Agora com um bonito jardim, é um dos locais mais bonitos da Vila, que, sinceramente, pouco tenho gozado.
A minha paragem destinou-se principalmente ao reconhecimento das esculturas em granito que aí foram implantadas. Neste jardim, de nome Lopo Vaz de Sampaio, encontram-se As Nossas Mesas, 4 obras do escultor holandês Mark Brusse.
Mesmo com o sol a esconder-se por detrás do casario, gostei de admirar estas obras de arte. Sou favorável à arte, seja ela em que suporte for, questionável é o estado das finanças locais em que ficou a nossa câmara. Apesar de viver fora, a minha residência continua a ser no concelho, bem como o meu cartão de eleitor. Infelizmente Carrazeda é uma terra onde muito se promete, muito se discute, e pouco se faz. A esperança é a última a morrer.
O dia terminou, já sem luz, com a máquina fotográfica extenuada de tanto fotografar. Eu, pelo contrário, estava muito eufórico por verificar que, quanto mais percorro o concelho, mais razões encontro para o admirar e para gostar dele.
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