"A aldeia era animada e havia muita mocidade, especialmente raparigas, que os rapazes estavam a ir em bandos para o Brasil, no sonho de fortuna seguramente rápida, a abanar a árvore das patacas; composta de um aglomerado velho de casas de pedra nua, atravessado a meio por um caminho largo que conduzia a Montelongo, capela de dois altares e igreja matriz da Senhora das Neves com torre sineira e relógio accionado por dois pesos de granito, três fontes de mergulho: a da gricha, a do valtalho e a da canelha. Era nesta última que Joaquina recolhia os canecos de água, não só por ser a mais próxima mas também por ser a mais limpa: nas outras duas os animais bebiam com frequência da mesma água das pessoas. Esta tinha uma abóbada de pedra colocada de tal forma que os animais tinham dificuldade em chegar à água e dois degraus laterais que serviam de banco, num plano inferior ao do caminho, onde as pessoas podiam conversar. Além disso, a canelha não tinha muito movimento, pois só de manhã e à noite os lavradores passavam por ali para levar ou trazer os animais dos lameiros da pontesinha, e por isso os namorados a preferiam."Do romance "O violino do meu pai: Partir ou Ficar em Trás-os-montes" da autoria de Campos Gouveia.
A fotografia foi tirada a 28 de Janeiro de 2011, em Belver.
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