A fotografia que partilho hoje foi tirada algures entre Zedes e Mogo de Malta. Estas marcações serviram há alguns séculos atrás para marcar os termos dos concelhos. Há marcações semelhantes a esta desde o Vilarinho da Castanheira passando por Alagoa, Mogos, Zedes, Pereiros e Codeçais. Possivelmente muitas delas perderam-se, com pedreiras ou pela destruição dos marcos onde elas estavam esculpidas. As freguesias de Zedes e de Freixiel pertenciam a Ansiães uma e ao concelho de Freixiel outra. Ainda é possível encontar bastantes marcações destas entre estas duas freguesias. Esta, que está na fotografia, é a cruz da Ordem de Malta, portanto do antigo concelho de Freixiel. Seria interessante fazer um levantamento destas marcações, onde elas ainda existem.
Enbutida na parede de uma casa, em Pereiros, fui encontrar este fotogénico arranjo. Gosto muito de tirar fotografias em Pereiros e Codeçais. São aldeias muito rústicas onde o granito ainda aparece quase como na época medieval fazendo-nos sentir personagens de filmes.
A tradição de enfeitar o ramo de oliveira do Domingo de Ramos, esteve praticamente perdida em Zedes. Mas, nos últimos 3 anos, a tradição está a ressuscitar. Tradicionalmente os ramos eram enfeitados com rebuçados, bolachas e até laranjas! Embora houvesse alguma proa em levar um ramo bonito, não me parece que fosse uma tradição consumista, porque tudo era feito com meia dúzia de tostões, comprando rebuçados na taberna da senhora Ilda.
Este cruzeiro situado ainda dentro da aldeia de Marzagão na berma da estrada M532-1 estava decorado para o dia, Domingo de Ramos. Ramos de oliveira e alecrim davam um ar festivo. Precisamente onde estavam colocados os ramos, deve ter existido em tempos antigos uma pintura com alminhas. Marzagão, dia 5 de Abril de 2009.
Embora a origem das alminhas possa ir beber a práticas religiosas já do tempo dos romanos, é bem possível que a disseminação destas representações do purgatório a que chamamos vulgarmente de alminhas se tenha iniciado depois do século XVI com uma forte intenção corrente com origem em Roma. As alminhas estão espalhadas por todas as aldeias, muitas à entrada, mas também nas encruzilhadas e mesmo ao longo dos caminhos. No concelho de Carrazeda de Ansiães há bastantes, umas mais artísticas outras mais simples. Estas fotografei-as em Mogo de Malta, no domingo passado. Trata-se de um modelo bastante utilizado, em granito que deve ter sofrido alterações ao longo dos tempos. Possivelmente o painel de azulejo não é original, sendo mais provável que aí existisse uma pintura feita à mão num fundo caiado de branco ou mesmo numa chama de zinco ou madeira.
Quem estiver interessado em saber mais sobre as alminhas pode ler este artigo que escrevi no blogue À Descoberta de Vila Flor.
Mais uma vez participei no "enterro" do Pai Fartura, em Carrazeda de Ansiães. Enterro como quem diz, porque em Carrazeda o coitado do entrudo é pura e simplesmente desfeito em pó com uma vela de dinamite! O desfile é de arrepiar os cabelos, com a sirene dos bombeiros sempre a tocar e os gritos da(s) viúva(s) completamente desfeita com a perca do seu amado. Só o rufar dos tambores animam a noite, quase parecendo um ritual satânico, assustador, mas que ninguém quer perder. Junto do recinto da feira foi lida a sentença, ou coisa parecida. Os versos lançaram alguns dardos a políticos e a políticas (ou falta delas), que, numa sátira bem disposta, arrancaram aplausos dos muitos presentes. Depois da explosão do "Pai Fartura", (fartura não sei se houve) seguiu-se uma sessão de fogo de artifício, comedida, porque a fartura já lá vai. Desta vez "inventei" um vídeo. Aqui fica:
As fotografias ficam a aguardar os tais versos satíricos que ficaram de me enviar...
26-03 - Com muita pena minha os versos não me foram enviados... paciência. As fotografias ficam na gaveta para a história.
Hoje completam-se dois anos desde que ocorreu o primeiro acidente na Linha do Tua, onde morreram três pessoas. Depois disso, a linha ainda não saiu das luzes da ribalta, sempre envolta em polémica. Eu vesti a camisola da defesa da linha. Não acredito no progresso propagandeado pelos políticos. Não acredito que a barragem seja uma reserva de água potável para dar de beber aos milhares de humanos que aqui vivemos. Cada vez somos menos os que aqui vivemos e a água da barragem dificilmente será potável. Para mim a principal riqueza do vale do Tua é a Linha. Esta linha, não outra, moderna, larga e rápida. Tem que ser esta, centenária mas remodelada, segura, eficiente, ao serviço das populações ribeirinhas, apostada na atracção de turistas e apoiada por novos autarcas que a conhecem. Enquanto se mantém esta indecisão, faço aquilo que posso fazer: percorro a linha a pé, fotografando todas as suas belezas e mostrando ao mundo os encantos deste recanto trasmontano, que é nosso, e não está à venda. Deixo para saborearem, uma viagem de Outono, em forma de diaporama entre Codeçais e Mirandela. Apesar de já conhecer bem a linha, não deixei de ser surpreendido com quadros de rara beleza, quadros esses que estão vedados à maioria das pessoas, porque a linha se encontra fechada, afastando aos poucos todos os que dela dependiam para fazer a sua vida. Espero que esta situação mude em breve.
Na tranquilidade do anoitecer descansei as pernas de tanto andar, enchi o peito de ar fresco, na ânsia de me encontrar. Olhei a linha que se perdia pela noite, além do olhar, e pensei: Não vou falar. Tudo o que eu possa dizer vai estragar A completa sinfonia de emoções. Basta estar.
Logo à entrada da aldeia de Vilarinho da Castanheira, é possível encontrar esta curiosa capela (Nossa Senhora da Fé).De forma circular, é também um bom ponto de observação da paisagem. Na altura que a visitei tinha também um lindo jardim florido, cuidado com esmero.
O cenário que se podia observar em Pombal, prolongava-se quase até Paradela. Na berma da estrada os arames que suportam as videiras tinham uma beleza especial quando olhados em contraluz. Poucos metros antes de chegar à aldeia, o cenário mudava. Apenas se encontravam mantas de gelo à sombras das calçadas ou das casas.
À saída de Paradela olhei para trás e despedi-me do gelo. Sabia que na parte mais alta do concelho não encontraria cenários como estes, uma vez que o sol brilhava com bastante intensidade.