terça-feira, 25 de março de 2008

A caminho de Codeçais


Ontem a Descoberta levou-me até Codeçais. Esta aldeia, integra a freguesia de Pereiros, não era totalmente desconhecida para mim. Recordo pelo menos alguns arraiais (a festa principal é dia 8 de Dezembro, em honra da Imaculada Conceição), alguns jogos de futebol mas também um longo passeio fotográfico no longínquo ano de 1990.
O dia estava muito nublado e frio, mas à medida que fui descendo de Zedes até Pereiros a temperatura foi ficando mais amena.
Depois de se deixar Pereiros, mesmo junto à capela de Santo Amaro, começa a ver-se a pequena aldeia de Codeçais, exposta ao soalheiro, cravada nas rochas com as quais se confunde.
A primeira paragem aconteceu mesmo antes de chegar à aldeia. A algumas centenas de metros, numa cota menor, há um riacho que passa por debaixo da estrada. Essa água escorre do Vale dos Olmos, de bem perto da Felgueira. No silêncio dos fraguedos pude olhar as pedras das calçadas e sentir-me noutra época. Nestes recantos da natureza o tempo não passou e cada pedra, cada regato, cada agueira, representa o esforço de gerações. Atestam-no os musgos e líquenes que pendem das rochas e das árvores de fruto. O cheiro a hortas, a terra fértil, a musicalidade do canto dos pássaros que se misturam de tal forma com o silêncio, que parecem fazer parte dele, afastaram-me da estrada, alguns metros apenas.
Nos barrancos dos caminhos espreitam campainhas e aqui e além há alguma giesta florida, daquelas que nos deliciam em Maio, que espalham perfume. Há também azedas, freixos em flor, alhos selvagens com as suas flores imaculadas, tantas e tantas formas e cores que seriam necessários dias para as admirar a todas. Olhando para lá dos caminhos, nas pequenas faixas de terra, às vezes áreas mais pequenas do que a que uma cama ocupa, germinam e crescem todas a espécie de culturas: as ervilhas já têm galhas para treparem e estão prestes a florir; os feijões já germinaram; as cenouras cobrem a terra do alfobre, verdes, delicadas; as batateiras estão grandes, prontas para serem sachadas; as couves estão fortes, viçosas; os gomos das videiras já mostram pequenas folhas e as flores de pereira e pessegueiro completam o quadro. Como se toda esta verdura não fosse suficiente para humanizar todas as fragas, em cada recanto florescem narcisos e açucenas, crescem tufos de salsa e hortelã. Aqui a Primavera chegou mais cedo. As condições climatéricas em Codeçais proporcionam boas produções agrícolas e também para a produção de um Vinho Fino que faz inveja a todo o Douro.
Entrei no carro e subi até à aldeia. Um nicho com nossa senhora, rodeado de amores-perfeitos e papoilas deu-me as boas vindas.
Entrei pela primeira rua à direita, a Rua da Portela.

Esta visita continua... aqui.

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