Publicado no jornal "O Pombal", em Fevereiro de 2010.
Continuação de: À Descoberta de Vilarinho da Castanheira (1/2)
Já na aldeia, a primeira paragem foi junta à capela de Nossa Senhora da Fé. Trata-se de uma capela bastante singular, circular, edificada sobre um rochedo, rodeada por uma varanda que é um excelente miradouro da paisagem em redor. Perto desta capela está a antiga escola primária. Esta escola ainda funciona, mas, nem com a deslocação de crianças do Pinhal do Douro e da Lousa, se atinge uma dúzia de alunos. No pré-escolar o cenário identico. Segui pela Rua do Castelo até ao ponto mais alto da aldeia. Pelo caminho atravessei o espaço onde antigamente se realizavam as feiras, extintas vai para algumas décadas. No vértice do monte existe o que resta de um moinho de vento com a era de 1908 esculpida. No seu interior foi construída uma pequena arrecadação onde ainda hoje se guarda lenha. O nevoeiro não permitia ver as magnificas paisagens que daqui se avistavam e o frio era muito. Nos tanques de lavar a roupa havia placas de gelo com mais de 5 cm de espessura!
Segui em direcção ao cabeço de Nossa Senhora da Assunção. No primeiro domingo de Agosto de cada ano, realiza-se aqui uma esplendorosa festa em honra de Nossa Senhora. Uma majestosa procissão saída da igreja matriz, dá volta às principais ruas da aldeia e sobe à capelinha. Esta, com a porta voltada para a aldeia, é identificável a muitos quilómetros de distância, mesmo de noite, com uma cruz azul florescente colocado no frontispício.
O alto do cabeço é o melhor lugar para observar a aldeia.
De regresso ao povoado, um enorme castanheiro chamou a minha atenção. Com o nevoeiro a esvair-se entre os seus ramos parecia ter saído das cenas de um filme, cheio de mistério. Deve ter sido uma árvore semelhante que contribuiu para o nome da aldeia.
Estacionei junto à igreja matriz com o objectivo de percorrer a pé as principais ruas. Não havia ninguém mas do nada surgiram três crianças. Aproveitei para as questionar sobre a localização de uma sepultura escava nas rochas, que sabia existir por perto. Sorridentes levaram-me à Cerca do Fidalgo onde se diz ter existido uma necrópole com sepulturas. Encontrámos uma, perfeita, escavada no granito. Surpreendeu-me o rigor do corte na rocha quando o comparei com outras sepulturas semelhantes que conheço em Freixiel ou na Vila Velha de Santa Cruz da Vilariça. Incentivados com a minha satisfação levaram-me ainda a conhecer o resto das casas da Cerca.
Segui, já sozinho, pela Rua de S. Sebastião. O futuro museu começa a ganhar forma. Depois da queda da parte da estrutura, em Dezembro de 2005, as obras não têm avançado muito, mas ouviam-se barulhos de máquinas a trabalhar no seu interior. No final da rua está a razão do seu nome, a capela de S. Sebastião. Apenas conheço o exterior mas gostava de a visitar.
Seguindo pela Rua Calçada, cheguei à Rua da Urraca, onde se pode admirar uma fonte de mergulho e o complexo de Turismo Rural, Casa de Dona Urraca. Esta é uma das várias casas brasonadas que ainda existem no Vilarinho.
Dirigi-me para o Largo do Pelourinho. Sim, o Pelourinho voltou a ser um ponto de relevo na aldeia. Durante muitos anos, a única pedra que restou do pelourinho do Vilarinho da Castanheira, esteve a cargo da Junta de Freguesia. Com base nessa pedra, foi mandado fazer um novo pelourinho que foi erigido no centro da aldeia, em Agosto de 2009.
Aproveitei para tomar em café (encontrei dois bares abertos). Desci a Rua da Cadeia em busca de evidências da mesma. A construção foi recuperada e é hoje uma casa de habitação particular. No alçado lateral, virado a norte, encontrei uma estela funerária cravada na parede!
Perto da antiga cadeia está o Centro Social e Paroquial de Vilarinho da Castanheira, onde funciona um centro de dia e um lar de idosos. O Centro Social e a Banda de Música são as duas instituições mais importantes. É de referir que a banda de música do Vilarinho é a única existente em todo o concelho de Carrazeda de Ansiães.
Apetecia-me ainda “descobrir” mais casas brasonadas, capelas, a igreja matriz, conhecer a ponte medieval das Olgas, visitar a queda de água do Síbio, no Pinhal do Douro, mas… fica para outra viagem, quem sabe, num futuro próximo.
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