A Comissão de Festas de S Bartolomeu, em Parambos, organizou no dia 17 de Junho um passeio pedestre.
No corrente ano têm havido uma adesão invulgar à realização destes eventos, com reflexos muito positivos na adesão das pessoas, mas Parambos já não é pioneira na organização destas eventos, em que já tive o prazer de participar anteriormente. Talvez a novidade este ano tenha sido a maior abertura a pessoas de fora da aldeia, uma vez que as gentes de Parambos já estão "habituadas" e aderem com muita facilidade e entusiasmo.
A concentração aconteceu na sede do Sporting Clube de Parambos às 7 e meia da manhã. Sabemos a (má) fama que temos no cumprimento de horários, mas tem vantagem chegar cedo; apreciar (mas não comer) o farto pequeno almoço que já estava a ser preparado. Tivemos também tempo para uma visita guiada ao "covil" do leão, agradeço ao amigo Helder Seixas.
Quando o grupo se compôs, atacámos o pequeno almoço, e desta vez não foi só com a objetiva. Havia de tudo o que faz esquecer o regime, mas, talvez a maior parte destes caminheiros estejam pouco interessados no regime, ou então muito preocupados com o "combustível" para os quilómetros, porque o pequeno almoço foi substancial.
Depois de "merenda comida" é difícil segurar o grupo.
Fomos à rua dos Quinteiros ver "o Parambos", um deles, porque o outro está no fontanário. A primeira paragem foi na igreja matriz, com direito a uma bem preparada resenha história por parte da Srª. Dr.ª arqueóloga do Município.
Não tinha memória do interior da igreja, mas fiquei impressionado, quer pela talha dos altares (infelizmente bastante deteriorada), quer pelas pinturas dos caixotes do teto da nave da igreja. É um monumento que merece ser admirado com mais calma e, de certeza, que voltarei a visitá-lo.
Não fazia ideia do traçado do percurso nem da sua extensão, por isso, apenas me deixei levar pelo grupo. Tinha alguma esperança de admirar as encostas do Tua, Castanheiro, Ribalonga, etc. mas quando se organizam várias caminhadas, há a preocupação de não repetir os percursos anteriores e essas paisagens fizeram parte das primeiras edições. O importante é seguir com os sentidos bem desperto e, para mim, que gosto, com o dedo no "gatilho".
As marcações estavam bem feitas, não no final do percurso, onde os mais fatigados atalharam, porque conheciam os caminhos. Mas não há mal nenhum nisso, não há prémios e todas as pessoas estão ali para se divertirem.
Pouco tempo depois voltámos a Parambos, junto à capela de S. Pedro, para depois visitarmos um dos mais conhecidos conjunto de gravuras rupestres do concelho, a Fonte de Seixas. Esta designação é a oficial, consta nos guias do concelho e nas cartas militares, mas as designações Murancho e, sobretudo Castareja são bastante interessantes. É evidente a relação que existe entre Castareja e castreja ou de castro, o que relaciona as gravuras com um povoado anterior a Parambos, muito antes da história das formigas.
Houve uma abordagem histórica às gravuras, por parte da especialista e a oportunidade de repor as reservas de água e morder uma doce maçã.
Depois da partida da Fonte de Seixas o grupo foi-se fragmentando. Estava um dia muito quente, havia pessoas com mais idade, crianças, nem todos conseguiam seguir ao mesmo ritmo. Também eu me fui distanciando, mais absorvido pelas cores da natureza, do que pelos companheiros de caminhada.
Atravessámos a ribeira do Ribeiral e seguimos por entre árvores de fruta até em direção a Arnal. Cheguei a pensar que subiríamos à Nª Sª da Paixão, mas houve mais uma mudança de direção e fomos para Misquel. Contornámos a aldeia por nascente, entrando nela junto à capela do Divino Espírito Santo. Ninguém se lembrou, mas seria interessante tê-la aberto para apreciarmos a remodelação verificada há um ano atrás. A pessoas que seguiam comigo nunca tinham estado em Misquel e, não se sabe se voltaram.
Por esta altura já se notava algum cansaço. Os campos eram fantásticos, os caminhos bem escolhidos. Gostei particularmente de um troço junto à ribeira da Praçaria, onde foi limpo um caminho tradicional, possivelmente para nós passarmos.
O grupo estava muito disperso, mas já se agradeciam mais pontos de distribuição de água. À medida que entramos em meses mais quentes é necessário pensar em multiplicar os pontos de distribuição de água ao longo da caminhada. Nem toda a gente carrega água consigo, e, também acaba por pesar.
Perto do meio dia cheguei ao Cabeço. A azáfama já era muita e os cheiros a grelhado entrelaçavam-se com os da resina do pinheiros. Não levaram a tentação avante e, mesmo sendo o último, não quis perder a oportunidade de conhecer a pequena capela de Nª Sª da Assunção e da sua história. A capelinha foi inaugurada em agosto de 2008. Nª Sª antes de aparecer ajunto a Vilas Boas e depois no Cabeço (também em Vilas Boas), apareceu aqui, e este lugar foi palco de peregrinações. Para além das crenças e lendas o Cabeço é também um lugar de muitas recordações de infância (talvez de outras), de muitas pessoas da aldeia.
É uma cadeirinha de granito, um escorrega, a fraga que "chora", etc., muitas curiosidades num só espaço muito bonito.
Vale a pena subir ao Cabeço, a paisagem é deslumbrante.
Vencido pelo cansaço desci ao local do repasto. A mesa estava posta e a azafama era muita, quer na confeção quer na degustação, porque os quilómetros percorridos tinham aberto um buraco na barriga dos participantes e sendo necessário tapá-lo.
Havia sardinhas, carne assada, bifanas e, sobretudo, muita alegria que a música bem ao estilo pimba, transformava em arraial popular. De início o pessoal "de serviço" teve dificuldade em acompanhar o ritmo dos comensais, mas, estes foram-se acomodando, falando já mais do que comiam. Veio o melão, as maçãs e "lavaram-se" os dentes com um copo de tinto. A tarde estava terminada.
Descemos à aldeia meia adormecida no calor da tarde e tomámos um café. Com este gesto demos por terminado o II Passeio Pedestre de S. Bartolomeu. Foi uma manhã muito bem passada. Pela minha parte gostei de conhecer melhor o termo da freguesia, apreciei, a paisagem, a flora e o património. A gastronomia e o calar humano também foram excecionais.
Parabéns à organização. O pequeno almoço, o almoço, as marcações do percurso, o apoio dos bombeiros, etc. esteve 5 estrelas. Não faltaremos ao III.
1 comentário:
Olá companheiro.
Grande é o dia que dá uma grande reportagem e aqui está o tal dia que dá este magnifico material que nos recorda os momentos chave e que agora se frui ainda com mais intensidade, pois não há a canseira.
Obrigado pelo teu ponto de vista atento e tão irmãmente partilhado.
Li Malheiro
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