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Nicho de S. Frutuoso |
Continuação de:
À Descoberta de Lavandeira (1/3)
Partindo pela rua do
Arenal em direção a norte podem ver-se no início da
Rua de S. Frutuoso, na padieira da porta de duas casas, alguma inscrições enigmáticas. Numa, a par de outros símbolos, pode ler-se 1749. Depois do Café Reixelo, único espaço comercial que ainda subsiste na aldeia, fica o
Largo de S. Frutuoso. Em lugar de destaque encontra-se um nicho, em granito polido, com porta de alumínio e vidro, com a imagem do referido santo.
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Pormenor de uma janela em Lavandeira |
Dos lados há jardim, uma fonte, bancos e um mealheiro par arrecadar alguma possível esmola. Referi no início que não há capelas no interior da aldeia, mas a ter existido outra além da
Santa Eufémia, terá sido a de
S. Frutuoso, neste local. Este facto é relatado pelos habitantes da aldeia e, no jardim de uma casa próxima, é visível uma pedra trabalhada que pode ter sido um nicho ou ter feito parte do frontispício de uma capela.
A poucos metros daí é possível ver uma janela bastante interessante, numa casa praticamente em ruínas. Tem duas mísulas trabalhadas, desiguais, e apresenta em cada ombreira um elemento esculpido no granito. De um lado um cálice, do outro o que parece ser uma face humana. A aresta cortada a toda a volta da janela dá-lhe uma elegância de grande contraste com a rusticidade da construção.
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Vista parcial da aldeia de Lavandeira |
A paragem seguinte é na
fonte dos Nabais. Trata-se de uma fonte de mergulho, escavada no granito, que ocupa uma posição bastante inferior ao nível do solo. O acesso é feito por umas escadas, depois de ultrapassada a porta em ferro forjado de que é também feita a proteção. Ao que me foi dito, a fonte foi outrora bem diferente. Encontrava-se ao nível do solo e tinha lajes de granito onde as mulheres lavavam a roupa. Quando o caminho foi composto, penso que a antiga fonte foi destruída, abrindo-se uma nova, escavando numa direção diferente.
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Largo do Campo da Bola |
O passeio continua em até ao largo do
Campo da Bola, antiga
Lameira da Choca, por um acesso recente. O caminho está calcetado e permite ver a aldeia de uma quota superior, com uma visão alargada, que se estende a
Beira Grande e ao cume da
Senhora da Costa, na freguesia de
Seixo de Ansiães.
Do campo da bola já não há sinais. Ainda joguei aqui algumas vezes. O espaço ganhou nova utilidade. No topo norte situa-se a sede da Junta de Freguesia, um edifício vistoso e recente. À sua frente toda a área do antigo campo de futebol foi calceta, iluminada e ocupada com mesas, bancos e assadores. Também tem algumas árvores, mas estas ainda não cresceram o suficiente para cumprirem a função para que foram plantadas.
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Largo do Campo da Bola a 15 de Setembro |
O espaço é muito agradável e ganha vida principalmente na noite de 15 para 16 de Setembro de cada ano.
Grupos familiares ou de amigos montam aqui a sua farta mesa onde a
marrã (carne de porco) é o elemento principal. Além dos assadores, já existem alguns no local, os diferentes grupos tratam da logística para que à noite não falte nada para a festa, comida e bebida. Muitas famílias cumprem um ritual semelhante junto as suas casas, nos quinteiros e átrios, fazendo do evento um grande momento de amizade e de confraternização. Estou em crer que este churrasco coletivo está a ganhar casa vez mais força, à medida que a venda de marrã no recinto da festa tende a diminuir.
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Ruínas nas zonas mais antigas da aldeia |
Há poucos dias foi transportado para perto do edifício da Junta de Freguesia um bloco de granito com uma figura antropomórfica escavada. Trata-se de uma sepultura que se encontrava algures no caminho entre a
Lavandeira e o castelo de
Ansiães, um pouco acima da chamada
Fonte Nova. O local onde se encontrava não oferece muitas hipóteses de aí ter existido alguma necrópole. A sepultura podia estar a ser talhada nesse local para depois ser transportada para outro, acabando por ser abandonada. Os responsáveis pela freguesia acharam que no novo espaço está mais visível e protegida.
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Vista parcial da aldeia de Lavandeira |
O largo tem também um fontanário e um nicho com o Cristo Rei. Este último, que mostra indício de ali se encontrar há já algum tempo, não enriquece esteticamente o espaço e merecia um arranjo de forma a valoriza-lo e integrá-lo neste importante largo.
De volta ao centro da aldeia é fácil seguir por alguma ruela estreita que nos faz viajar no tempo. Há algumas casas em granito com telha de canudo antiga, implantadas sobre as fragas de granito que afloram à superfície.
Nas proximidades destaca-se uma casa antiga, senhorial, quer pela dimensão, quer pela qualidade da construção, quer pelo terreno murado que tem adjacente, a casa dos Carvalhos. Do caminho que contorna esta propriedade tem-se uma vista bastante diferente da aldeia.
Pela
rua Nova acede-se ao ponto de partida, o
largo de Santa Eufémia, para a exploração de outra parte da aldeia.
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Fonte do Gricho |
Na
rua da Escola fica a
fonte do Gricho e a antiga escola. A
fonte do Gricho também está a um nível inferior ao à estrada. A água ainda corre por um tubo metálico. Recordo-me de aqui ter vindo beber na minha meninice, quando ia às festas de
Santa Eufémia. Antigamente a água jorrava em grande quantidade, sendo a passagem pedestre feita junto à parede, numa estreita passadeira. Mais abaixo havia lajes para lavar a roupa. Também havia uma pia com água para os animais beberem.
Continua:
À Descoberta de Lavandeira (3/3)
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