Continuação de: À Descoberta de Beira Grande (1/3)
O património construído não tem elementos de vulto, mas não deixa de ser interessante percorrer as ruas mais antigas, com muitas casas de um piso só, onde se podem ver alguns postigos e janelas com dintel em arco. Há também alguns patins e varandas tradicionais. As casas mais antigas estão em ruínas, algumas já caíram. Não tinham condições, eram pequenas, muito juntas e com acessos complicados. Os poucos habitantes que restam optam por construir noutro local, com mais espaço. Não deixa de haver, no entanto bons exemplos de recuperação de antigas habitações principalmente daquelas de famílias mais abastadas, pela zona da Portela.
Mesmo com poucos habitantes e com casas degradadas, Beira Grande é um excelente exemplo, no que toca à pavimentação, à limpeza das ruas e na indicação do nome das mesmas, com placas em granito, em quantidade e esteticamente enquadradas. A opção de manter os nomes tradicionais também é positiva.
Da frente da igreja parte a Travessa do Rossio. As casas são bem pitorescas podendo observar-se uma tradicional varanda em madeira, suportada por colunas em granito. Aqui se situa o principal aglomerado de casas, constituído pela Rua das Cangas, Rua de S. Sebastião e um emaranhado de ruelas. Na Rua de S. Sebastião há um cruzeiro em granito. É frequente haver jardim junto das casas, em plena rua, um pouco por toda a aldeia.
Pela Rua do Outeiro chega-se ao fundo do povo, havendo ainda algumas casas mais afastadas. A Rua da Fontinha leva a outro grupo de casas bastante antigas, o Arrabalde. Já aqui mora pouca gente, mas também há algumas casas recentes.
Pouco depois encontra-se o edifício da Junta de Freguesia. Foi a primeira escola (a segunda foi construída em 1967). Este edifício, de 1930, foi comprado pela Junta, restaurado e hoje tem um conjunto de valências ao serviço da população. Além do gabinete da Junta de Freguesia tem um salão, uma cozinha, casas de banho e gabinetes destinados a diversas atividades. A Junta de Freguesia fornece Internet gratuita à toda a população, tendo instaladas duas antenas, uma neste edifício, outra no edifício da escola mais recente, na Rua da Costa.
São frequentes os convívios, provas em BTT, passeios pedestres e jogos tradicionais. A população esforça-se por manter a aldeia vida e por usufruir da companhia e da tranquilidade de viver num ambiente assim. A aldeia tem uma associação cultural, desportiva e recreativa.
A Rua do Cabeço leva à estrada. No encontro das duas está uma imagem do Cristo Rei, num espaço ajardinado; um dos pontos de vaidade da aldeia. Não muito distante daí, em direção ao Douro, na Rua da Lameirinha, pode matar-se a sede num chafariz recente (de 2000), alimentado pela água de uma nascente. No lado oposto da rua há um nicho com a imagem de S. António, o padroeiro de Beira Grande. Este é um lugar com jardim, agradável para repousar um pouco enquanto se admira a paisagem em direção a Lavandeira, avistando-se também as ruinas do castelo de Ansiães.
Para norte volta-se ao centro da aldeia. Pelo caminho encontram-se mais uma fonte antiga, muito rústica, embutida numa parede, tendo ao lado um cruzeiro. Em tempos houve mais um cruzeiro na Rua do Giraldo, próximo da igreja, mas foi destruído. Antes de chegar à igreja há, à direita, dois pontos de interesse: na Rua da Costa situa-se o edifício mais recente da escola de Primeiro Ciclo, também ele já sem utilidade como escola. Tem sido objeto de obras de manutenção e restauro tendo em vista a sua utilização futura. Um pouco mais à frente, também à direita, fica o Largo da Mina e a capela de S. António.
A capela é um edifício recente, com muito pouco de capela, quase não se identificando como tal. Ao seu lado esquerdo está o acesso à mina que deu o nome ao largo. Encontra-se tapado com um alçapão em chapa, devidamente trancado a cadeado. Em tempos as crianças deliciavam-se a entrar na mina.
Próximo está o coreto. Da sua varanda vê-se, sobretudo, o teto da igreja cheio de painéis solares. Pode ser um bom negócio, mas não é muito frequente ver uma igreja com painéis fotovoltaicos. Embora a estética não agrade a todos, não ouvi grande argumentações contra. Sob o coreto funciona um pequeno bar da Comissão de Festas. Numa aldeia pequena e despovoada é difícil angariar dinheiro para a realização das festas. A Festa de S. António acontece a 13 de Junho, anualmente, mas a festa “grande” só se realiza a cada 2 anos, no 3.º Domingo de Agosto (também a S. António).
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