No dia 24 de junho realizou-se em Beira Grande o II Passeio Pedestre, com o nome de II Caminhada por Terras de Beira Grande. À tarde realizaram-se atividades relacionadas com o S. João.
A primeira realização do evento teve lugar mais cedo, a 12 de junho de 2011, mas, como este ano se realizaram um conjunto pouco habitual de caminhadas e percursos pedestres, o calendário foi ficando mais preenchido e não foi fácil conseguir encaixar mais uma. Ainda bem que há esta preocupação, porque os caminheiros gostam de poder participar e é mais fácil se não houver sobreposição.
Apesar do calor que já se fazia sentir, a freguesia de Beira Grande tem atrativos mais do que suficientes para proporcionar percursos com paisagens lindíssimas e eu não queria desperdiçar esta oportunidade.
A concentração aconteceu pelas 8 da manhã junto ao largo da Igreja Matriz. Como vem sendo habitual, o mini autocarro da Câmara Municipal transportou um grupo de caminhantes desde Carrazeda, mas os habitantes locais, de distintas faixas etárias, também marcaram presença.
Mesmo com uma deficiente publicitação inscreveram-se perto de 60 pessoas.
Depois de distribuídos um boné e uma t-shirt alusivos ao evento, e feitas algumas observações pelo Presidente da Junta de Freguesia, o grupo arrancou para a Costa, o monte onde se situa Nª Sª da Costa, de Seixo de Ansiães. As marcações estavam feitas com fitas, não era recomendável que as pessoas caminhassem isoladas, sob pena de se perderem do grupo.
Desde cedo que o sol mostrou a sua fúria e perseguiu os caminhantes de forma persistente até final da caminhada.
O percurso estendeu-se pelo Campo, Vale Curvado, Almares, Formarigo, Fonte das Vinhas e Cascalheira. No alto da encosta, a 600 metros de altitude, adivinhar-se o vale, com o Douro, mas não se via. Quando se entrou numa zona descendente começaram a aparecer as vinhas, aquelas que justificam o nome de Alto Douro Vinhateiro. Devemos ter passado perto de um marco geodésico, do Arejadouro, mas não o vi. Em determinados pontos deu também para apreciar Lavandeira e o altaneiro castelo de Ansiães. Avistavam-se algumas aldeias do outro lado do rio, mas o meu conhecimento geográfico dessa área é mais reduzido do que o que tenho do concelho de Carrazeda.
O reforço foi servido numa curva acentuada do caminho. Desse ponte avistava-se o rio Douro quase até à estação de Freixo de Numão. Reconheci Coleja, Pinhal do Douro e a famosa queda de água, entre elas. O ano vai seco e não se avistava água alguma. Também se encontrava completamente envolta em sombra. Os olhos conhecedores de alguns habitantes da aldeia, trabalhadores do campo, reconheciam sem esforço todas as quintas em redor. Alguns nomes são-me familiares: Quinta da Coelheira, Quinta da Sª da Ribeira, Quinta do Comparado, Quinta do Vesúvio, já do lado de lá do rio, foram algumas das que se avistaram.
Os participantes temiam as horas de calor e não estavam muito dispostos a admirar a paisagem, com muita pena minha. Por isso, fui ficando na retaguarda do "pelotão", esquecendo o grupo e usufruindo das vistas únicas, razão forte da minha participação nesta caminhada.
Estávamos perto de atingir o ponto de menor altitude, 360 metros. A ambulância dos bombeiros não tinha mais condições para acompanhar os participantes e desceu até à Quinta do Comparado, para subir pela estrada (bem que eu gostava de ir nela até ao miradouro!). A certa altura apercebe-mo-nos que algumas pessoas estavam a gesticular na encosta, do outro lado do vale! Três jovens tinham-se enganado no caminho e seguido em frente, quando era preciso voltar à direita. Depois de se aperceberam que estavam sozinhos, voltaram para trás, mas já não encontraram ninguém. Por sorte, nós, os últimos do grupo, vimo-los. Foram auxiliados, mas estavam bastante fatigados e assustados.
Resolvido este contratempo e imaginando o resto do grupo a alguns quilómetros de distância, só restava seguir calmamente, doseando o esforço, porque estávamos a subir e a temperatura já era muito alta. Passámos por Vais, Fonte D'Ouro, Cusqueira, Eiras e Lameirinha. Quando chegámos à estrada, perto da ribeira do Síbio, o autocarro esperava-nos. Estávamos a 2 km de Beira Grande e ainda era relativamente cedo (11 horas). Decidimos fazer o percurso até à aldeia a pé. Pelo caminhos encontrámos um simpático casal transportado numa carroça puxada por um burrico. A conversa com eles "encurtou" o caminho.
O almoço foi servido na sede da Junta de Freguesia, que não é mais do a primeira Escola Primária da aldeia, recuperada. Da ementa constou sopa (caldo verde ou canja, à escolha) e rancho. Havia vinho, cerveja, sumo e água à descrição. Como sobremesa foi servido melão, maçãs, peras e cerejas.
Ao grupo de caminheiros juntaram-se mais algumas pessoas, que encheram o salão. O almoço decorreu com muito boa disposição e sem pressas. Aliás tão devagar que no final começaram a servir sardinhas assadas e barriga de porco que estavam previstas para a tarde, no convívio das festas de S. João.
Como balanço desta caminhada há vários aspetos que podem ser realçados. O montante pago, 8 €, depois reduzido a 7, foi o mais elevado das caminhadas da temporada e acabou por afastar algumas pessoas; o percurso foi muito bom, quer no traçado quer na extensão, dadas as condições climatéricas existentes; o apoio dos bombeiros e fornecimento de água esteve muito bem.
Um aspeto que não posso deixar de realçar foi a simpatia e boa disposição da população de Beira Grande e do seu Presidente (que desfez a errada ideia com que tinha ficado na festa de S. António).
Aproveitei o facto de estar na aldeia para fazer um largo passeio, conversei com muitas pessoas, mas isso é assunto para outras reportagens.
1 comentário:
so uma pequena correcçao nao era coleja e pinhal do norte que se avista , mas sim o pinhal do douro...abraço
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