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Antiga Escola Primária de Lavandeira |
Continuação de:
À Descoberta de Lavandeira (2/3)
A escola de 1.ºCiclo está fechada. Longe vão os tempos em que a D. Margarida era a professora da aldeia! Natural de
Selores, casou em
Lavandeira e tinha a seu cargo uma catrefada de crianças. Chegou a haver mais de 60 crianças a frequentar a escola que funcionou ao lado da Casa dos Milagres.
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Altar da capela-mor com Dívino Rei Salvador |
Da escola pode fazer-se um percurso pela rua do Outão, rua do Jardim, rua Principal e rua do Adro, regressando à igreja. Ao longo de todas estas ruas há pequenos espaços de autênticos jardins. Algumas casas foram recuperadas e outras esperam por melhores dias, é o caso de um antigo lagar de azeite que a Junta de Freguesia gostaria de restaurar, abrindo ali um espaço com múltiplas aplicações. Infelizmente os apoios não abundam.
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Tampa de um sarcófago. Agora está junta à sede da Junta de Freguesia. |
Em 2011 havia algumas tampas de
sarcófagos junto ao cemitério, mas foram retiradas do local. O mesmo aconteceu a dois enormes cedros que se encontravam à frente da igreja matriz que foram cortados.
Chegados de novo ao largo e depois de percorrer grande parte da aldeia, ficou para o fim o património de maior destaque, a
igreja de S. Salvador ou de
Santa Eufémia. Esta designação leva a refletir na história do local e no porquê de não estar definida uma designação consensual.
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Nicho no frontispício da igreja |
Lavandeira foi até ao Séc. XVII um mero lugar da freguesia de
Ansiães, paróquia de
S. Salvador. Com a decadência do castelo,
Lavandeira foi crescendo. Os batizados continuaram a fazer-se na
velha igreja românica até 1803, altura em que a paróquia se transferiu para a capela de
Santa Eufémia, em
Lavandeira. Esta mudança ditou a morte gradual da igreja de
S. Salvador, intramuros e ao desenvolvimento da paróquia da
Lavandeira, que conduziu à ampliação da pequena capela românica que deveria existir. O culto a
Santa Eufémia já existia desde o séc. XVI, fomentado pela existência de algumas relíquias que mobilizavam romeiros, mesmo lugares longínquos.
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Imagem de Santa Eufémia no andor, pronto para a grande festa |
Por cima da porta lateral da igreja há um brasão em granito que deve ter sido arrancado da igreja de
S. Salvador, no castelo, para depois ser ali aplicado, já numa fase posterior à construção da igreja. No alçado oposto há uma
representação, penso que de um anjo, a que dão o nome de
Lavandeira, personificando a aldeia.
O
cabido exterior, com as suas belas colunas em granito começou a ser construído em 1773. No frontispício da igreja há um bonito
nicho com motivos florais onde deveria estar a imagem de
Santa Eufémia, mas, curiosamente, o espaço está preenchido com uma imagem de
S. António.
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Santa Eufémia ladeada pelas suas irmãs |
Dada a importância do culto a
Santa Eufémia a igreja manteve sempre a dupla designação, de
Santa Eufémia e de
S. Salvador, que recebeu por transferência da paróquia histórica do castelo de
Ansiães.
Entrar na igreja é um privilégio. A beleza do seu interior pesou na escolha desta capela para rodar algumas cenas de da telenovela que passou na TVI, chamada “A Outra”.
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Cabido exterior da igreja |
Os elementos que se destacam em primeiro lugar são os altares com retábulo dourado apresentando parras, uvas e “putti” (crianças nuas, quase sempre do sexo masculino, frequentemente com asas). No centro do altar da capela-mor está uma bonita imagem do
Divino S. Salvador, o mesmo
Deus Criador que está representado num fresco à entrada da igreja, na parede do lado direito, com o pé sobre uma esfera onde estão representados
Adão e Eva.
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Representação da "Lavandeira" |
A imagem de
Santa Eufémia ocupa uma posição lateral, num altar próprio e distinto dos restantes. Acompanham a imagem dois enormes leões, elemento identificativo de iconografia de
Santa Eufémia que morreu mártir em
Calcedónia, atual
Croácia. Curiosamente nenhum dos ex-votos existentes na
Casa dos Milagres apresenta este elemento. As imagens mais antigas da igreja representam
Santa Eufémia (de Braga/Orense). Para adensar a dúvida
Santa Eufémia está representada num dos caixotões do teto da igreja, em companhia das suas 8 irmãs, sendo
Santa Marinha e
Santa Quitéria as mais conhecidas. Ora, esta representação é da
Santa Eufémia “portuguesa/espanhola” e não a da
Calcedónia.
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Árvore de Jessé, no teto da igreja. |
Há outra representação que valoriza esta igreja e que também se encontra nos caixotões do teto, mas da capela-mor: trata-se da representação da
Árvore de Jessé, que representa a genealogia de Jesus. São muitos os motivos de interesse que existem na igreja, e também na sacristia, com imagens antigas e com a sua pintura rococó.
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Pantocrator do Juízo Final na capela de S. Salvador, no castelo de Ansiães |
Como a prosa já vai extensa, fica por fazer uma caminhada e uma visita ao castelo de
Ansiães, onde a história está em cada pedra. Fica por contar a mistura do sagrado e do profano da festa de
Santa Eufémia a 15 e 16 de setembro. Mas há coisas de não podem ser contadas, têm que ser vividas. Por isso, deixo o convite para nos encontrarmos na festa de
Santa Eufémia, na
Lavandeira, em Setembro próximo.
Aníbal Gonçalves
Artigo publicado no jornal
O Pombal, em Março de 2012.
1 comentário:
Através da fotos e da descrição que faz do que vai observando quase consigo acompanhá-lo pelas ruas e canelhas da minha aldeia.
No meu tempo de criança tínhamos como tarefa, aos sábados, de tarde, varrer a rua. Cada família fazia a sua parte.
Obrigada pela forma como dá a conhecer o que o nosso concelho tem de bonito.
Lavandisca
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