Zedes é uma freguesia do concelho de Carrazeda de Ansiães que dista aproximadamente 6 quilómetros da sede de concelho. Situada nas terras mais altas do planalto, virada a sudeste, goza de uma boa exposição ao sol, estendendo-se em ruas compridas com povoamento mais disperso do que o normal, para a região em que nos encontramos. A aproximação à aldeia feita pela estrada que liga Carrazeda de Ansiães a Zedes permite, no lugar do Barreiro, apreciar uma paisagem das mais bonitas que existem no concelho. Trata-se do vale da Cabreira, percorrido na sua zona mais profunda por uma ribeira que tem início perto da Sainça, freguesia de Belver, e se estende por todo vale em direção a norte, fletindo depois para a esquerda e precipitando-se no rio Tua, já com um caudal considerável.
A este vale estão ligadas algumas das lendas que sobreviveram ao tempo, contadas de boca em boca, no calor das fogueiras de inverno. Num cabeço granítico que se destaca quase no início do vale há um buraco enorme, onde existe um tesouro. Esse tesouro é guardado por um touro medonho que lança longos mugidos e espuma pela boca, causando pavor a quem tem a infelicidade de ter que por ali passar ou se aventura atrás do tesouro. É junto deste cabeço (conhecido como Pé-de-Cabrito) que passa a linha divisória que separava o termo do antigo concelho de Freixiel (território doado aos Hospitalários, no séc. XII) e do de Ansiães, ligado ao antiquíssimo castelo de Ansiães.
Ao longo de crista da montanha, acompanhando a estrada que segue para Folgares, durante alguns quilómetros é possível encontrar um bom conjunto de marcações com cruzes gravadas nas rochas graníticas, umas da Ordem de Malta e outras não.
Mesmo antes de se chegar à aldeia é possível encontrar o mais antigo e significativo monumento de Zedes, trata-se da anta, ou dólmen, localmente conhecido como Casa da Moura. Encontra-se devidamente sinalizado, a poucas centenas de metros da estrada, sendo possível chegar junto dele mesmo em carro ligeiro, ou então, fazendo um pequeno passeio a pé, enquanto se admira a aldeia, ao longe, sobre um extenso pomar de macieiras, uma das maiores riquezas locais.
A Casa da Moura mantém-se em bom estado de conservação, apesar de muito pouco ter sido feito para a sua preservação. Ao longo dos anos foi servindo como local para guardar alfaias, de refúgio da chuva onde se podia acender uma fogueira e esperar que a intempérie passasse. Esta ausência de proteção puseram-na por várias vezes em risco, e disso deu conta o Abade de Baçal nas suas andanças. Mas sobreviveu ao tempo e, pelo menos agora, a agricultura em redor deixou de ser um problema, mas a falta de classificação mantêm-se. Apesar de não ser o único dólmen sobrevivente do concelho, tendo que dividir a atenção com a enorme Anta de Vilarinho da Castanheira, o monumento megalítico de Zedes tem umas linhas e uma implantação no terreno que lhe conferem uma beleza ímpar. Já circulou em selo dos correios e foi vendida como postal ilustrado, mas são muitos os que se deslocam a Zedes só para a poderem ver ao vivo. Consta de uma câmara poligonal e um corredor orientado a nascente. Estrutura-se em oito esteios imbricados, incluindo a pedra de cabeceira e a respetiva tampa do monumento funerário. Em vários dos seus esteios distinguem-se ainda vestígios de motivos pintados a ocre. A laje de cabeceira apresenta na face externa motivos gravados constituídos por sulcos e fossetes. A sua entrada virada a Este é marcada pela existência de um vestíbulo, constituído por duas lajes baixas.
A forte inclinação de alguns dos seus esteios motivou, em 1991, uma intervenção de consolidação estrutural.
Não muito distante desta anta é possível encontrar os esteios de outro monumento semelhante e não está afastada a possibilidade de terem existindo mais, constituindo uma necrópole megalítica mais vasta.
Pouco antes de se encontrar a primeira casa da aldeia há, junto da estrada, um nicho dedicado a Nossa Senhora de Fátima e uma fonte em granito. Trata-se de estruturas novas (a fonte é mais recente) que vieram aumentar os pontos de interesse da aldeia.
Toda a rua do Emigrante é constituída por construções pouco antigas, fruto da segunda vaga de emigração, sina de muitos dos filhos da terra. Nos anos 60 os destinos foram a França, Canadá, Angola e Alemanha; hoje os destinos mudaram, mas a necessidade de partir continua a ser forte levando Zedenses principalmente para a Suíça e Luxemburgo.
A escola primária e o seu espaçoso recreio, são uma amostra da vida que a terra já teve, quando as crianças corriam em volta das amendoeiras em flor, ou dançavam em jogos de roda. Está encerrada há vários anos, apenas se abrindo a porta em esporádicos momentos eleitorais.
Continua em: À Descoberta de Zedes (2/3)
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